sexta-feira, 21 de março de 2014

Adeus ao eterno capitão


                                                   Adeus ao eterno capitão
O garoto Hideraldo Luís Belini desde cedo revelou seu temperamento de líder nato. Era o organizador das brincadeiras e principalmente das peladas, em Itabira, interior de São Paulo, sua terra natal. Os primeiros chutes foram dados nas bolas feitas de meia por ele e seus colegas, no gramado em frente à Igreja de Santo Antônio, matriz da cidade.
O começo no interior de São Paulo
A garotada queria algo mais além das peladas e pensaram em fundar um time organizado com uniforme e tudo mais. Assim surgiu o Juvenil Paulistano, cuja camisa branca e vermelha com listras verticais lembrava a do Bangu.
Com 17 anos, Belini vestiu a camisa da Sociedade Esportiva Itapirense. Ali iniciava a sua trajetória de zagueiro. Depois defendeu por dois anos, de 49 a 51, o Sanjoanense, de São João da Boa Vista, clube da 2ª divisão de São Paulo.
Não agradou ao presidente, mas o técnico gostou
Um olheiro do Vasco o indicou ao presidente Otávio Póvoa, que o contratou. Seu futebol não agradava muito a Ciro Aranha, novo presidente do clube. Porém, Flávio Costa gostou do seu modo de jogar: firme, com personalidade e leal. Flávio não se cansava de orientá-lo nos treinos: “Rebata de primeira.”
Inicialmente, Belini ficou na reserva de Augusto, mas em pouco tempo passou a formar o trio final vascaíno com Barbosa e Paulinho de Almeida. Vieram os títulos do Torneio Octogonal Internacional de 1953, as conquistas do campeonato carioca de 56 e do Torneio Rio-São Paulo de 58. Sua liderança e seu estilo sério de atuar começaram a despertar a atenção da Comissão Técnica da seleção brasileira.
A primeira convocação para a seleção
Osvaldo Brandão o convocou para as eliminatórias da Copa do Mundo de 58. A estréia foi contra o Peru, em Lima, no empate de 1 a 1. Vicente Feola substituiu Brandão e definiu a condição de Belini como titular do selecionado brasileiro. Seguiram-se os amistosos contra Portugal (2 a 1 e 3 a 0), jogos da Copa Roca diante dos argentinos (1 a 2 e 2 a 0), as partidas com os paraguaios pela Taça Osvaldo Cruz (5 a 1 e 0 a 0) e os jogos contra a Fiorentina (4 a 0) e a Internazionale (4 a 0), na Itália.
O capitão que ninguém esquece
Como capitão brasileiro Belini atuou em todos os jogos do mundial. Após a partida decisiva contra a Suécia, ergueu a Taça Jules Rimet, criando o consagrado gesto imitado por todos os capitães da seleção brasileira: Mauro, em 62, no Chile; Carlos Alberto, em 70, no México; Dunga, em 94, nos Estados Unidos; e Cafu, em 2002, no Japão.
Ao retornar da Suécia, Belini conquistou o supersuper carioca de 58. No início de 59, em Buenos Aires, Belini disputou o sul-americano em que o Brasil terminou invicto em 2º lugar. Em 1962, no mundial do Chile, sob o comando técnico de Aymoré Moreira, perdeu a posição para o são-paulino Mauro.   
No ano seguinte, deixou o Vasco, transferindo-se para o São Paulo. Vicente Feola o convocou novamente para defender o selecionado brasileiro e Belini disputou o mundial de 66, na Inglaterra. Jogou diante da Hungria (1 a 3) e de Portugal (1 a 3).
Em 1968, com 39 anos, seguiu para Curitiba, onde um ano depois encerrou a carreira no Atlético Paranaense, na partida entre seu clube e o Coritiba, o famoso clássico Atletiba.
Foi marcante na sua carreira a liderança exercida sobre os companheiros. O goleiro Humberto Torgado, seu colega de Vasco, uma vez me disse:
“Rezende, você não tem idéia do respeito que os jogadores tinham pelo Belini. Ele entrava no vestiário, vestia sempre a camisa de frente para a parede e quando se voltava para o grupo, todos nós sentíamos que ali estava o capitão, o nosso líder.”
O nosso eterno capitão nos deixou no dia 20 de março de 2014, aos 83 nos. A disciplina, a dedicação e a eficiência marcaram a trajetória de Belini no futebol. Sua liderança nunca foi contestada por seus companheiros de profissão.

Belini abraça o técnico Gradim após conquistar o título de supersupercampeão carioca em 1958

Em 1958, no jogo Vasco e Fluminense, Belini marca Escurinho


                   Belini, Barbosa e Paulinho, Eles formaram o trio final na temporada de 1958
Belini lidera a volta olímpica dos campeões mundiais de 1958

Na partida decisiva com o Flamengo em 1958, Belini e o atacante Dida

No triangular decisivo do carioca de 1958, Belini disputa a bola com Quarentinha 

                                  Belini recebe a faixa de supersupercampeão carioca de 1958

Hilgton Gosling, Belini e Nilton Santos, em Buenos Aires, durante o sul americano de 1959

      Belini e garrincha retornam a seleção brasileira nos preparativos para a Copa de 1966
                                      Belini cumprimenta o capitão búlgaro na Copa de 1966

                                      Em 1963, Belini se transferiu do Vasco para o São Paulo

Belini encerrou a carreira no Atlético Paranaense em 1969

Belini tinha um grande carinho por Almir. Ele batizou o amigo.
 
 

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