quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Adeus ao eterno capita


                                          Adeus ao eterno capita

Carlos Alberto Torres nos deixou, sem aviso prévio, no último dia 26 de outubro.  Ele ficou conhecido no mundo do futebol como capita após a Copa do Mundo de 1970, no México, quando levantou a Taça Jules Rimet. O Brasil conquistava o seu terceiro título mundial.

O garoto que nasceu em São Cristóvão e se criou na Vila da Penha, tomou gosto pelo futebol nos terrenos baldios daquele subúrbio da Leopoldina. No vizinho bairro de Bonsucesso tentou a sorte no rubro-anil. Não foi aprovado.

Aos 15 anos chegou às Laranjeiras pelas mãos de Roberto Alvarenga. No primeiro treino sob o comando de Nilton Cardoso, quando foi apanhar uma bola que saíra pela lateral, viu seu pai sentado na social.

Carlos Alberto pediu ao patrão, Seu Geraldo Albernaz, para visitar uma tia que estava doente. Tudo cascata. O pai que não queria que o filho jogasse futebol, avisado por  Geraldo, soube do fato e compareceu às Laranjeiras.

Naquele dia, Carlos chegou à casa bem tarde. Pouco adiantou, porque acordou de manhã sob as cinturadas do pai. Não desistiu de seu objetivo, tomou coragem e disse à família: “Vou ser jogador de futebol. Fiquem tranqüilos, porque não deixarei de estudar”. Os país concordaram.

Em 1960 e 1061 disputou o campeonato carioca de juvenis pelo Fluminense. No ano seguinte se sagrou campeão carioca de aspirantes. Em 1963, na equipe de profissionais participou do famoso Fla x Flu (0 x 0) que decidiu o título do campeonato em favor do Flamengo que jogava pelo empate.

Sob o comando técnico de Tim, o Fluminense foi campeão de 1964, Lá estava o jovem Carlos Alberto ao lado de jogadores consagrados como Castilho, Procópio, Altair, Amoroso.

No Santos de Pelé e Cia, tornou-se capitão devido as suas posições firmes e independentes. A equipe santista ia excursionar e os jogadores foram comunicados que parte da gratificação não seria paga para cobrir o que Pelé receberia. Carlos Alberto foi a única voz discordante. Chamado pela direção, além de ser elogiado pela sua atitude, passou a ser o capitão do time.

Em 1966, a Comissão Técnica da seleção brasileira preferiu levar o veterano Djalma Santos e Fidelis para a Copa do Mundo, na Inglaterra. Carlos Alberto indignado não se conformou com o corte.

Convocado para a seleção brasileira com craques como Pelé, Rivelino, Tostão, Jairzinho, Paulo César, foi escolhido capitão da equipe. Ficou marcado pelo gesto de beijar e erguer a Taça Jules Rimet após a vitória diante da Itália por 4 a 1.

Marcante também foi o quarto gol brasileiro de sua autoria. Linda jogada até o chute contra a meta de Albertosi. Clodoaldo driblou três adversários, entregou a Rivelino, que esticou a Jairzinho na esquerda, daí para Pelé. Na entrada da área, ele dominou com o pé esquerdo, passou para o direito e rolou para Carlos Alberto que na corrida chutou de pé direito rasteiro no canto na meta italiana.

Carlos Alberto vestiu também as camisas do Botafogo, Flamengo e Cosmos de Nova Iorque, além de ter retornado ao Fluminense, fazendo parte da “máquina” do Doutor Horta, sagrando-se mais uma vez campeão estadual.

Na carreira de técnico, conquistou o campeonato brasileiro de 1983, no Flamengo, e a Comebol dirigindo o Botafogo, em 1993.

Carlos Alberto ultimamente era comentarista do Sport TV, onde participava dos programas Troca de Passes e Seleção.

Terminamos com a feliz palavra de Cafu, capitão do Brasil na Copa do Mundo de 2002: “Aqui na Terra estamos tristes, mas no Céu existe alegria por receber um anjo do futebol”.

 
Foto 01 - Em 1960, o início no juvenil do Fluminense


 
Foto 02 - Campeão estadual sob o comando técnico do
 grande Tim: Carlos Alberto, Procópio, Altair, Castilho, Oldair e Nonô; Santana, Amoroso, Ubiraci, Evaldo, Joaquinzinho e Edinho

 
Foto 03 - Carlos Alberto, Arnaldo Cesar Coelho e Gerson antes de Santos x Botafogo, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo

 
Foto 04 - O quarto gol diante da Itália na final da Copa de 1970, no México, marcou a carreira de Carlos Alberto

 
Foto 05 - Carlos Alberto e Pelé se abraçam emociados após a conquista do título mundial de 1970

 
Foto 06 - Em 1971, Carlos Alberto vestiu a camisa do Botafogo: Carlos Alberto, Ubirajara, Nei, Brito, Leônidas e Paulo Henrique; Bento Mariano, Zequinha, Roberto, Careca, Jairzinho e Paulo César  

 
Foto 07 - Carlos Alberto ergue o troféu de bicampeão estadual de 1976 ao lado de Domingos Bosco.

 
Foto 08 - A "máquina" do Doutor Horta conquistou o Torneio de Paris. Carlos Alberto com o lindo troféu, a Torre Eifell, um dos símbolos da Cidade Luz

 
Foto 09 - Em 1977, Carlos Alberto atuou pelo Flamengo: Roberto, Rondinelli, Carlos Alberto, Júnior, Vanderlei e Merica; Tita, Adílio, Kalu, Dendê e Luís Paulo

 
Foto 10 - No Cosmos de Nova Iorque, o capita também foi campeão

 
Foto 11 - Como técnico do Botafogo em 1993, Carlos Alberto conquistou a Comebol após o emapte com o Peñarol. O capita e Williams vibra com o título

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