quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


     Zezé Moreira comanda o “timinho” campeão - I -

Depois da péssima campanha no campeonato carioca de 1950, medidas importantes foram tomadas nas Laranjeiras para a temporada de 1951, inclusive com a inauguração de uma moderna concentração para os jogadores.
Zezé Moreira, técnico campeão carioca de 1948 pelo Botafogo, foi contratado com a missão de renovar o elenco do Fluminense.
Como se dizia na gíria esportiva, os tricolores fizeram barba, cabelo e bigode. Foram pentacampeões juvenis, campeões de aspirantes e conquistaram o título carioca de profissionais.
Castilho, Píndaro, Pinheiro, Didi, Carlyle e Orlando permaneceram no elenco tricolor. Foram contratados Victor, do Bonsucesso, Lino e Jair, do São Cristóvão, e Edson, do Siderúrgica, de Minas Gerais. Robson, Quincas e Joel eram crias da casa, além de Telê que no juvenil atuava de centroavante. 
            Chamado para o time principal, Telê exerceu, como ponta recuado pela direita, uma das principais funções no esquema implantado por Zezé Moreira. Faziam também parte do grupo Nestor, Pé de Valsa, Lafaiete, Jaiminho, vindo de Recife, Nino, ex-Portuguesa de Desportos, e o peruano Villalobos.

No primeiro Fla x Flu do campeonato, realizado no dia 14 de outubro de 1951, o Jornal dos Sports promoveu uma grande festa entre as duas torcidas. Motivados rubro-negros e tricolores realizaram um dos mais belos espetáculos da história do Maracanã. Pelo lado do Flamengo, sob o som da famosa charanga liderada por Jaime de Carvalho, os rubro-negros improvisaram verdadeiro carnaval.
No gramado, Paulista, chefe da torcida tricolor, trajando smoking e cartola, recebia bela moça saída de gigantesca caixa de pó-de-arroz. Ambos desfilaram pelo gramado ao lado do cantor Blecaute, vestido de general, que fazia grande sucesso com a marchinha General da Banda.
Assistiram à partida o Presidente Getúlio Vargas, o Vice-Presidente Café Filho e o Prefeito João Carlos Vidal. Paulista, sempre acompanhado por Bolinha, com o seu inseparável sino, e Jaime de Carvalho se encontraram na arquibancada, em frente à linha central do campo, se abraçaram e trocaram corbeilles de lindas flores sob os aplausos do público que lotava o Maracanã. Eu, garoto de 12 anos, tive o privilégio de assistir a inesquecível festa, levado ao Maracanã pelo querido e saudoso Tio Jader. 
Bons tempos àqueles em que o futebol era uma grande festa. As torcidas não se agrediam, ao contrário, se confraternizavam. Saudades de Paulista, Bolinha e Jaime de Carvalho, genuínos torcedores.
A partida foi emocionante. No Flamengo, estreava o excelente ponta-direita Joel. Jovem, ainda, o estreante deu muito trabalho ao setor esquerdo da defesa tricolor. Na meta do Fluminense, Castilho praticava grandes defesas. Numa cabeçada do gaúcho Hermes, meia-direita rubro-negro, a bola o encobriu e bateu no travessão. Castilho virou-se de frente para o seu gol e a bola caiu, sem que ele se movesse, em seus braços. Foram muitas emoções.
O Fluminense ganhou no duelo das torcidas e no campo. Orlando “Pingo de Ouro” marcou o gol da vitória e repetiu a dose no returno na vitória também por 1 a 0 contra o tradicional adversário.
Na última rodada do campeonato, o adversário era o Bangu sobre o qual o Fluminense tinha a vantagem de dois pontos. Os alvi-rubros venceram por 1 a 0, gol de Vermelho. Igualados em pontos perdidos, Fluminense e Bangu decidiram o título numa série melhor de três.
O Bangu possuía excelente equipe dirigida por  Ondino Viera e liderada pelo cracaço Zizinho. No primeiro jogo, o Fluminense ganhou por 1 a 0, gol de Orlando. A partida foi tumultuada. Num choque com Didi, o zagueiro Mendonça teve a perna fraturada e Mirim agrediu Orlando. Carlyle e Mirim foram expulsos. O atacante tricolor se desentendeu com Osvaldo “Topete”, desmanchando o tão bem cuidado cabelo de Osvaldo.
Para a segunda partida, Ondino fez várias alterações no time do Bangu, enquanto Zezé Moreira, devido à ausência de Carlyle, alterou taticamente a equipe. Telê, que auxiliava o meio campo pela direita, substituiu Carlyle no comando do ataque, posição em que jogava no juvenil. Zezé tirou o ponta-esquerda Joel e escalou Robson para exercer a função de Telê pela esquerda. No lugar de Telê, colocou o ex-são-cristovense Lino.
Com a vitória por 2 a 0 sobre o Bangu, dois gols de Telê, o Fluminense, há 65 anos, conquistou o campeonato carioca de 1951. Tive a oportunidade de estar presente no Maracanã. O garoto de 12 anos vibrava com a conquista de seu time.
           Os adversários e a crônica esportiva em geral chamavam a equipe do Fluminense de “timinho”, devido às vitórias de 1 a 0 em alguns jogos. Porém, a verdade é que os tricolores venceram por 1 a 0 apenas três vezes: o Flamengo nos dois turnos e o Bangu na primeira partida da melhor de três.
          Como se dizia popularmente, o Fluminense fez barba, cabelo e bigode: campeão carioca de profissionais, pentacampeonato de juvenis e campeão de  aspirantes.
Sobre a marcação por zona, criada por Zezé Moreira, e a campanha do time, as explicações ficam por conta dos depoimentos de alguns personagens que integraram à equipe campeã carioca de 1951, como Orlando “Pingo de Ouro, Píndaro, Pinheiro e Victor.

Fotos 08 - O Fla x Flu no primeiro turno do campeonato carioca de 1951 foi uma grande festa. O concurso promovido pelo Jornal dos Sports mobilizou as duas torcidas que brilharam no Maracanã. A torcida tricolor joga pó de arroz sobre os torcedores do Flamengo.

Foto 09 – Time do Fluminense antes da segunda partida da melhor de três que decidiu o campeonato carioca de 1951: em pé, Píndaro, Lafaiete, Vitor, Edson, Castilho e Pinheiro; agachados, Lino, Orlando, Telê, Didi e Robson.

 
 
A torcida do Fluminense joga pó-de-arroz sobre os torcedores rubro-negros. Tudo é festa!
 
 
Paulista ao lado de Terezinha Panda saúdam o público que lotava o Maracanã
 
 
Paulista, Terezinha Panda e Blecaute, famoso cantor intérprete da marchinha General da Banda
 
 
Time do Fluminense antes do Fla x Flu: Píndaro, Victor, Edson, Jair, Castilho e Pinheiro; Telê, Blaceute, Didi, Carlyle, Orlando e Joel
 
 
Orlando, autor do gol tricolor, sai abraçado por torcedores
 
 
Rafanelli, Mário Vianna, com dois enes, e Carlyle antes da primeira partida da melhor de três
 
 
Castilho e Nívio disputam a bola junto a linha de fundo. Zizinho e Edson observam o lance
 
 
Carlyle desmancha o topete de Osvaldo e Mirim agride Orlando
 
 
Osvaldo tenta derrubar Carlyle
 
 
Equipe tricolor antes do segundo jogo da melhor de três: Píndaro, Lafaiete, Victor, Edson, Castilho e Pinheiro; Lino, Orlando, Telê, Didi e Robson
 
 
Telê marca um de seus gols na segunda partida da melhor de três. Osvaldo está batido e Salvador observa a bola no fundo da rede banguense
 
 
Ainda no gramado, Carlyle abraça Robson após o segundo jogo
 
 
Na sede das Laranjeiras, Zezé Moreira é carregado pelos torcedores
 
 
Carlyle, artilheiro do campeonato, recebe o cheque relativo ao prêmio pelo título carioca de 1951
 
 
Orlando "Pingo de Ouro" olha o cheque relativo ao prêmio pelo título de campeão na presença do Presidente Fábio Carneiro e Mendonça
 
 
O Presidente Fábio Carneiro de Mendonça entrega o cheque a Pinheiro
 
 
Castilho recebe das mãos do Presidente Fábio Carneiro de Mendonça o cheque referente ao prêmio pelo título de campeão carioca
 
 
 
 
Mini biografias dos campeões cariocas de 1951
 





 

                                   

 

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