Adeus ao eterno capitão
O garoto Hideraldo Luís Belini
desde cedo revelou seu temperamento de líder nato. Era o organizador das
brincadeiras e principalmente das peladas, em Itabira, interior de São Paulo,
sua terra natal. Os primeiros chutes foram dados nas bolas feitas de meia por
ele e seus colegas, no gramado em frente à Igreja de Santo Antônio, matriz da
cidade.
O
começo no interior de São Paulo
A garotada queria algo mais além
das peladas e pensaram em fundar um time organizado com uniforme e tudo mais.
Assim surgiu o Juvenil Paulistano, cuja camisa branca e vermelha com listras
verticais lembrava a do Bangu.
Com 17 anos, Belini vestiu a camisa
da Sociedade Esportiva Itapirense. Ali iniciava a sua trajetória de zagueiro.
Depois defendeu por dois anos, de 49 a 51, o Sanjoanense, de São João da Boa
Vista, clube da 2ª divisão de São Paulo.
Não
agradou ao presidente, mas o técnico gostou
Um olheiro do Vasco o indicou ao
presidente Otávio Póvoa, que o contratou. Seu futebol não agradava muito a Ciro
Aranha, novo presidente do clube. Porém, Flávio Costa gostou do seu modo de
jogar: firme, com personalidade e leal. Flávio não se cansava de orientá-lo nos
treinos: “Rebata de primeira.”
Inicialmente, Belini ficou na
reserva de Augusto, mas em pouco tempo passou a formar o trio final vascaíno
com Barbosa e Paulinho de Almeida. Vieram os títulos do Torneio Octogonal
Internacional de 1953, as conquistas do campeonato carioca de 56 e do Torneio
Rio-São Paulo de 58. Sua liderança e seu estilo sério de atuar começaram a
despertar a atenção da Comissão Técnica da seleção brasileira.
A
primeira convocação para a seleção
Osvaldo Brandão o convocou para as
eliminatórias da Copa do Mundo de 58. A estréia foi contra o Peru, em Lima, no
empate de 1 a 1. Vicente Feola substituiu Brandão e definiu a condição de
Belini como titular do selecionado brasileiro. Seguiram-se os amistosos contra
Portugal (2 a 1 e 3 a 0), jogos da Copa Roca diante dos argentinos (1 a 2 e 2 a
0), as partidas com os paraguaios pela Taça Osvaldo Cruz (5 a 1 e 0 a 0) e os
jogos contra a Fiorentina (4 a 0) e a Internazionale (4 a 0), na Itália.
O
capitão que ninguém esquece
Como capitão brasileiro Belini
atuou em todos os jogos do mundial. Após a partida decisiva contra a Suécia,
ergueu a Taça Jules Rimet, criando o consagrado gesto imitado por todos os
capitães da seleção brasileira: Mauro, em 62, no Chile; Carlos Alberto, em 70,
no México; Dunga, em 94, nos Estados Unidos; e Cafu, em 2002, no Japão.
Ao retornar da Suécia, Belini
conquistou o supersuper carioca de 58. No início de 59, em Buenos Aires, Belini
disputou o sul-americano em que o Brasil terminou invicto em 2º lugar. Em 1962,
no mundial do Chile, sob o comando técnico de Aymoré Moreira, perdeu a posição
para o são-paulino Mauro.
No ano seguinte, deixou o Vasco,
transferindo-se para o São Paulo. Vicente Feola o convocou novamente para
defender o selecionado brasileiro e Belini disputou o mundial de 66, na
Inglaterra. Jogou diante da Hungria (1 a 3) e de Portugal (1 a 3).
Em 1968, com 39 anos, seguiu para
Curitiba, onde um ano depois encerrou a carreira no Atlético Paranaense, na
partida entre seu clube e o Coritiba, o famoso clássico Atletiba.
Foi marcante na sua carreira a
liderança exercida sobre os companheiros. O goleiro Humberto Torgado, seu
colega de Vasco, uma vez me disse:
“Rezende, você não tem idéia do
respeito que os jogadores tinham pelo Belini. Ele entrava no vestiário, vestia
sempre a camisa de frente para a parede e quando se voltava para o grupo, todos
nós sentíamos que ali estava o capitão, o nosso líder.”
Belini abraça o técnico Gradim após conquistar o título de supersupercampeão carioca em 1958
Em 1958, no jogo Vasco e Fluminense, Belini marca Escurinho
Belini, Barbosa e Paulinho, Eles formaram o trio final na temporada de 1958
Belini lidera a volta olímpica dos campeões mundiais de 1958
Na partida decisiva com o Flamengo em 1958, Belini e o atacante Dida
No triangular decisivo do carioca de 1958, Belini disputa a bola com Quarentinha
Belini recebe a faixa de supersupercampeão carioca de 1958
Hilgton Gosling, Belini e Nilton Santos, em Buenos Aires, durante o sul americano de 1959
Belini e garrincha retornam a seleção brasileira nos preparativos para a Copa de 1966
Belini cumprimenta o capitão búlgaro na Copa de 1966
Em 1963, Belini se transferiu do Vasco para o São Paulo
Belini encerrou a carreira no Atlético Paranaense em 1969
Belini tinha um grande carinho por Almir. Ele batizou o amigo.
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