terça-feira, 9 de setembro de 2014

80 anos de Waldo, o maior artilheiro tricolor


                                 80 anos de Waldo, o maior artilheiro tricolor                                        

Hoje, dia 10 de setembro de 2014, completa 80 anos de vida Waldo Machado da Silva, o maior artilheiro da história do Fluminense. Vamos homenageá-lo apresentando um pouco de sua brilhante carreira e lembrar alguns de seus incríveis gols.

Waldo Machado da Silva começou a jogar bola, como tantos outros meninos, nas peladas de rua e na praia, em Niterói, onde nasceu no bairro do Barreto. Calçou seu primeiro par de chuteiras aos 16 anos, defendendo o Fluminense de Niterói.

O artilheiro que veio do outro lado da baía

Do outro lado da Baía da Guanabara, nas Laranjeiras, o titular do time do Fluminense dirigido por Zezé Moreira era Marinho. Waldo recém-chegado ao clube esperava uma oportunidade. E ela surgiu, quando Zezé sem poder contar com Marinho que estava contundido, escalou Waldo.

Na época, muitos afirmavam que Waldo custara ao Fluminense o preço de uma passagem Niterói-Rio. No início, os gols marcados eram poucos e os perdidos eram muitos. Os críticos e os torcedores viam no jovem atacante mais um “bonde”, que na linguagem do futebol é o jogador sem habilidade, sem técnica.

Com os gols veio o desabafo

Reservado, Waldo não ria, ou melhor, ria pouco. Com esse seu jeito deu tempo ao tempo. Quando os gols começaram a surgir, o atacante declarou:

“Chegou a minha vez. A sorte está do meu lado e torço para que ela fique igual a modinha: daqui ninguém me tira. A gente pode aprender tudo. A chutar, a escolher o canto, a enganar o beque, o goleiro, a se colocar bem, a entrar na hora “h”. A verdade é que com azar não há nada que faça a bola entrar. O que eu tinha era azar, porque fazer, eu sabia. Não posso negar que aprendi muito com Seu Pirilo.”

Os incríveis gols de Waldo

No campeonato carioca de 1956, o Fluminense terminou em segundo lugar e Waldo liderou a artilharia com 22 gols. Coincidência ou não, nessa temporada o técnico do artilheiro era Silvio Pirilo, que quando jogador atuava de centroavante e era exímio artilheiro.

Sua carreira atingiu o auge no Rio-São Paulo de 1957. Waldo fez gols incríveis contra o Palmeiras, Corinthians, São Paulo. Após o título invicto do torneio, nas três temporadas seguintes Waldo continuou a marcar, sendo importante nas conquistas  do campeonato carioca de 1959 e do Torneio Rio-São Paulo de 1960.

O chute forte com o pé esquerdo ou direito, a coragem e não acreditar em bola perdida fizeram de Waldo uma constante preocupação para as defesas adversárias.  

No campeonato carioca de 1955, o Bonsucesso estava invicto. Em Teixeira de Castro, Fluminense e Bonsucesso se enfrentavam num jogo duríssimo, quando o goleiro Julião ao praticar a defesa ouviu o trilar de um apito vindo da arquibancada. Colocou a bola no chão para bater a possível falta marcada pelo árbitro. Waldo, atento ao lance, se aproximou e tocou a bola para dentro da meta rubro-anil.

Bibi, zagueiro do Bonsucesso, que participou da partida nos falou sobre o lance:

“Aqui, em Teixeira de Castro, perdemos de 1 a 0 para o Fluminense. Vou contar o que aconteceu. O juiz era o inglês Mister Barrick. Eu chutei três bolas impossíveis e o Veludo defendeu. Aqui, o estádio estava botando gente pelo ladrão. A partir de 1 hora, não entrava mais ninguém. Jogo duro, Bonsucesso invicto. Numa jogava pela lateral esquerda do Fluminense, eu estava marcando o Escurinho, que corria muito. Colocaram uma bola na frente e eu não consegui pegar o Escurinho. Ele cruzou na altura da marca do pênalti e o Julião abafou. Mas, atrás do gol apitaram. Aí, o Julião colocou a bola na marca do pênalti. Eu corri e gritei: não Julião, não Julião!  O Waldo veio, tocou e fez o gol. Eu tinha esta sequência toda do gol no jornal Última Hora. A bola foi entrando, eu querendo salvar e não consegui.

Daí o jogo ficou parado 40 minutos, por causa deste gol. Nós reclamamos, porque na hora do gol, o juiz estava de costas. Eu até me aborreci com o falecido Telê, que ficou zombando pela perda da invencibilidade do Bonsucesso. Para ganhar da gente, não era mole não. Aqui todos tremiam Flamengo, Vasco, Botafogo.

 Discutimos e como ele morava também na Vila da Penha, eu disse que o pegaria no outro dia na Vila da Penha. Resolvi ir ao vestiário do Fluminense para pegá-lo e fui preso. Quem me prendeu foi o delegado José Gomes Sobrinho, que era também árbitro de futebol”.

A carreira de Waldo ficou marcada pela autoria de gols incríveis. Foram vítimas do grande artilheiro o Corinthians, Palmeiras, São Paulo e outros clubes.

A ida para a Espanha

Em 1961, quando deixou o Fluminense para jogar no Valência, da Espanha, Waldo havia atingido o total de 314 gols, sendo o maior artilheiro da história do tricolor.

Há dois anos, Waldo esteve no Rio de Janeiro trazido pelo querido amigo e grande tricolor Valterson Botelho, autor da biografia do artilheiro. No Hotel Flórida, localizado na Rua Ferreira Viana, no Catete, tivemos a oportunidade de conversar com o ex-jogador e lembrar grandes momentos de sua brilhante carreira. Pudemos sentir a emoção de Waldo ao relembrar suas inesquecíveis conquistas com a camisa do Fluminense.   


Estivemos no lançamento da biografia de Waldo, na sede do Fluminense. Waldo, José Rezende e Valterson Botelho

Depois da vitória sobre o Corinthians por 3 a 2, no Rio-São Paulo de 1957, Waldo recebe o abraço do grande tricolor Benício Ferreira Filho
 
 
Waldo e seu professor Silvio Pirilo após a conquista do título do Rio-São Paulo de 1957
 
O extraordinário artilheiro recebe a faixa de campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1957
 
Waldo festejado por suas grandes atuações no Rio-São Paulo
 
 
A revista Manchete Esportiva reconheceu a decisiva participação de Waldo para a conquista do título  do Torneio Rio-São Paulo de 1957
 
Entre Castilho e Altair, Waldo dá a volta olímpica após de sagrar campeão carioca de 1959
 
Incríveis gols de Waldo
 
 
Quando Julião, goleiro do Bonsucesso, ouviu o som do apito vindo da arquibancada e colocou a bola no chão, Waldo se aproximou e fez o gol: Fluminense 1 x Bonsucesso 0
 
 
Na Rua Bariri, contra o Olaria, nem a trave parou Waldo
 
 
Na partida Fluminense e Corinthians, no Rio-São Paulo de 1957, Aldo quicava a bola. Waldo se aproximou e tirou-a do goleiro. Contornou o bico da grande área e com a meta vazia deu a vitória ao Fluminense
 
 
No campeonato carioca de 1956, o Fluminense goleou o Bangu por 5 a 0. Waldo arrancou do meio de campo e para desespero de Nadinho e Darci Faria marcou o 4o gol
 
 
No jogo entre Fluminense 2 x São Paulo 1, no encerramento do Torneio Rio-São Paulo, Waldo disputou a bola com o goleiro Waldemar e fez o gol da vitória
 
 
Sequência do gol contra o Palmeiras, no Torneio Rio-São Paulo de 1957
 
 
Waldo, a bola e a rede. Pose de artilheiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário