80 anos de Waldo, o maior artilheiro tricolor
Hoje, dia 10 de
setembro de 2014, completa 80 anos de vida Waldo Machado da Silva, o maior
artilheiro da história do Fluminense. Vamos homenageá-lo apresentando um pouco
de sua brilhante carreira e lembrar alguns de seus incríveis gols.
Waldo Machado da Silva começou a jogar bola, como tantos outros meninos, nas
peladas de rua e na praia, em Niterói, onde nasceu no bairro do Barreto. Calçou
seu primeiro par de chuteiras aos 16 anos, defendendo o Fluminense de Niterói.
O artilheiro que veio
do outro lado da baía
Do outro lado da Baía da Guanabara, nas Laranjeiras, o titular do time do
Fluminense dirigido por Zezé Moreira era Marinho. Waldo recém-chegado ao clube esperava
uma oportunidade. E ela surgiu, quando Zezé sem poder contar com Marinho que
estava contundido, escalou Waldo.
Na época, muitos afirmavam que Waldo custara ao Fluminense o preço de uma
passagem Niterói-Rio. No início, os gols marcados eram poucos e os perdidos eram
muitos. Os críticos e os torcedores viam no jovem atacante mais um “bonde”, que
na linguagem do futebol é o jogador sem habilidade, sem técnica.
Com os gols veio o
desabafo
Reservado, Waldo não ria, ou melhor, ria pouco. Com esse seu jeito deu
tempo ao tempo. Quando os gols começaram a surgir, o atacante declarou:
“Chegou a minha vez. A sorte está do meu lado e torço para que ela fique
igual a modinha: daqui ninguém me tira. A gente pode aprender tudo. A chutar, a
escolher o canto, a enganar o beque, o goleiro, a se colocar bem, a entrar na
hora “h”. A verdade é que com azar não há nada que faça a bola entrar. O que eu
tinha era azar, porque fazer, eu sabia. Não posso negar que aprendi muito com
Seu Pirilo.”
Os incríveis gols de
Waldo
No campeonato carioca de 1956, o Fluminense terminou em segundo lugar e Waldo
liderou a artilharia com 22 gols. Coincidência ou não, nessa temporada o
técnico do artilheiro era Silvio Pirilo, que quando jogador atuava de
centroavante e era exímio artilheiro.
Sua carreira atingiu o auge no Rio-São Paulo de 1957. Waldo fez gols
incríveis contra o Palmeiras, Corinthians, São Paulo. Após o título invicto do
torneio, nas três temporadas seguintes Waldo continuou a marcar, sendo
importante nas conquistas do campeonato carioca
de 1959 e do Torneio Rio-São Paulo de 1960.
O chute forte com o pé esquerdo ou direito, a coragem e não acreditar em
bola perdida fizeram de Waldo uma constante preocupação para as defesas
adversárias.
No campeonato carioca de 1955, o Bonsucesso estava invicto. Em Teixeira
de Castro, Fluminense e Bonsucesso se enfrentavam num jogo duríssimo, quando
o goleiro Julião ao praticar a defesa ouviu o trilar de um
apito vindo da arquibancada. Colocou a bola no chão para bater a possível falta
marcada pelo árbitro. Waldo, atento ao lance, se aproximou e tocou a bola para
dentro da meta rubro-anil.
Bibi, zagueiro do Bonsucesso, que participou da partida nos falou sobre o
lance:
“Aqui, em Teixeira de Castro, perdemos de 1 a 0 para o Fluminense. Vou
contar o que aconteceu. O juiz era o inglês Mister Barrick. Eu chutei três
bolas impossíveis e o Veludo defendeu. Aqui, o estádio estava botando gente
pelo ladrão. A partir de 1 hora, não entrava mais ninguém. Jogo duro,
Bonsucesso invicto. Numa jogava pela lateral esquerda do Fluminense, eu estava
marcando o Escurinho, que corria muito. Colocaram uma bola na frente e eu não
consegui pegar o Escurinho. Ele cruzou na altura da marca do pênalti e o Julião
abafou. Mas, atrás do gol apitaram. Aí, o Julião colocou a bola na marca do
pênalti. Eu corri e gritei: não Julião, não Julião! O Waldo veio, tocou e fez o gol. Eu tinha
esta sequência toda do gol no jornal Última Hora. A bola foi entrando, eu
querendo salvar e não consegui.
Daí o jogo ficou parado 40 minutos, por causa deste gol. Nós reclamamos,
porque na hora do gol, o juiz estava de costas. Eu até me aborreci com o
falecido Telê, que ficou zombando pela perda da invencibilidade do Bonsucesso.
Para ganhar da gente, não era mole não. Aqui todos tremiam Flamengo, Vasco,
Botafogo.
Discutimos e como ele morava
também na Vila da Penha, eu disse que o pegaria no outro dia na Vila da Penha.
Resolvi ir ao vestiário do Fluminense para pegá-lo e fui preso. Quem me prendeu
foi o delegado José Gomes Sobrinho, que era também árbitro de futebol”.
A carreira de Waldo ficou marcada pela autoria de gols incríveis. Foram
vítimas do grande artilheiro o Corinthians, Palmeiras, São Paulo e outros
clubes.
A ida para a Espanha
Em 1961, quando deixou o Fluminense para jogar no Valência, da Espanha, Waldo
havia atingido o total de 314 gols, sendo o maior artilheiro da história do
tricolor.
Há dois anos, Waldo esteve no Rio de Janeiro trazido pelo querido amigo e
grande tricolor Valterson Botelho, autor da biografia do artilheiro. No Hotel
Flórida, localizado na Rua Ferreira Viana, no Catete, tivemos a oportunidade de
conversar com o ex-jogador e lembrar grandes momentos de sua brilhante carreira.
Pudemos sentir a emoção de Waldo ao relembrar suas inesquecíveis
conquistas com a camisa do Fluminense.
Estivemos no lançamento da biografia de Waldo, na sede do Fluminense. Waldo, José Rezende e Valterson Botelho
Depois da vitória sobre o Corinthians por 3 a 2, no Rio-São Paulo de 1957, Waldo recebe o abraço do grande tricolor Benício Ferreira Filho
Waldo e seu professor Silvio Pirilo após a conquista do título do Rio-São Paulo de 1957
O extraordinário artilheiro recebe a faixa de campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1957
Waldo festejado por suas grandes atuações no Rio-São Paulo
A revista Manchete Esportiva reconheceu a decisiva participação de Waldo para a conquista do título do Torneio Rio-São Paulo de 1957
Entre Castilho e Altair, Waldo dá a volta olímpica após de sagrar campeão carioca de 1959
Incríveis gols de Waldo
Quando Julião, goleiro do Bonsucesso, ouviu o som do apito vindo da arquibancada e colocou a bola no chão, Waldo se aproximou e fez o gol: Fluminense 1 x Bonsucesso 0
Na Rua Bariri, contra o Olaria, nem a trave parou Waldo
Na partida Fluminense e Corinthians, no Rio-São Paulo de 1957, Aldo quicava a bola. Waldo se aproximou e tirou-a do goleiro. Contornou o bico da grande área e com a meta vazia deu a vitória ao Fluminense
No campeonato carioca de 1956, o Fluminense goleou o Bangu por 5 a 0. Waldo arrancou do meio de campo e para desespero de Nadinho e Darci Faria marcou o 4o gol
No jogo entre Fluminense 2 x São Paulo 1, no encerramento do Torneio Rio-São Paulo, Waldo disputou a bola com o goleiro Waldemar e fez o gol da vitória
Sequência do gol contra o Palmeiras, no Torneio Rio-São Paulo de 1957
Waldo, a bola e a rede. Pose de artilheiro
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