terça-feira, 15 de novembro de 2016


                                              
                                                Magalhães, um ícone de "Figueirinha"


                        No dia 2 de junho de 2000, levado pelo ilustre professor e prezado amigo Manoel Ribeiro, fui à casa de Walter Magalhães, no Engenho de Dentro. Magalhães vestiu a camisa do São Cristóvão, durante 12 anos, numa  época  em que o clube não era um mero participante dos campeonatos e torneios.

Magalhães das peladas de rua foi para o infantil do River, em 1936, e lá ficou até 1938, jogando nos dois últimos anos no juvenil. Em 39, ingressou no São Cristóvão:

“Comecei no River, na Rua João Pinheiro, em Piedade. No River eu jogava na ponta-direita, porque eu chuto com as duas pernas. Dali passando pelo infantil e juvenil, até que um dia um jogador do primeiro time do River, que fazia roupa com o treinador do time juvenil do São Cristóvão, Joaquim Alves Martins, que gostava de preparar sempre jogadores com dois anos de clube me apresentou ao técnico. Num ano ele aclimatava e no ano seguinte ele lançava. Assim eu fui para o São Cristóvão. Fui lançado um ano na direita e no outro na esquerda.

No juvenil encontrei o Augusto, capitão da seleção brasileira no mundial de 50. O time principal já estava feito. Era um timaço e a linha era Roberto, Villega, Caxambu, Nena e Carreiro.

Eu ia assistir aos jogos à tarde, porque nós do juvenil jogávamos de manhã. Eu ia aprender. Carreiro foi um professor para mim. Depois Carreiro foi para o Fluminense e eu entrei no lugar dele. Fui lançado contra o Canto do Rio, no campo do América”.

Já com boas atuações em 42, a equipe do São Cristóvão atingiu o auge em 1943, quando foi campeã do Torneio Municipal e realizou belíssima campanha no campeonato carioca:

“Em 43, fomos campeões do Torneio Municipal e no campeonato estávamos até as quatro últimas rodadas na frente do Flamengo e do Fluminense. Devido a uma contusão, Alfredo, nosso armador, ficou de fora três partidas. Perdemos para o Bangu por 5 a 3, lá na Rua Ferrer. Eles soltavam fogos e tínhamos medo de um foguete bater na nossa cara, quando íamos bater um lateral. As bombas estouravam atrás do gol do Joel, que ficava assustado e soltava a bola.

Para o Madureira perdemos por 3 a 1, em Conselheiro Galvão e para o América por 5 a 1, em São Januário. Aí voltou o Alfredo ao time. Vencemos o Fluminense por 3 a 1, demos o bi campeonato ao Flamengo e terminamos em 3 º- lugar”.

O fato marcante para Magalhães no campeonato de 43 foi a histórica goleada por 6 a 1 sobre o Fluminense:

“O Fluminense vinha invícto na tabela e caiu por 6 a 1, em Figueira de Melo. Todos os gols saíram dos meus pés, modéstia à parte. Inclusive os dois finais do Nestor de cabeça. O São Cristóvão partiu para arrasar. Caxambu fez seis, para valer quatro, e dois do Nestor de cabeça, em corners batidos por mim. 

O nosso presidente Leopoldo Del Vale, que era rico, deu a cada um uma nota de 500 cruzeiros de bicho. A nota era tão grande que parecia um lençol.

O time campeão do Torneio Municipal, que perdeu apenas para o Botafogo por 5 a 3, foi o mesmo do campeonato: Joel, Mundinho e Augusto; Bianchi, Papeti e Castanheira; Santo Cristo, Alfredo, Caxambu, Nestor e Magalhães . O artilheiro do torneio foi Heleno de Freitas, do Botafogo, com 11 gols e o técnico do São Cristóvão era Abel Picabéa.

Picabéa tinha sido antes half do São Cristóvão, formando a linha média com Dodô e Afonsinho. Ele tinha carta branca e quando dava instrução só tinha o diretor de esporte lá . Quando tentava entrar outro diretor dizia que não: “aqui só quem é jogador; fala com eles depois do jogo”. As críticas feitas ao jogador eram respondidas por ele diante da diretoria. Ele assumia o time.”

Os adversários sempre encontravam dificuldades para conseguir bons resultados, em Figueira de Melo, e o São Cristóvão manteve-se invicto por longo tempo jogando em casa :

            “Conhecíamos o campo palmo a palmo, onde o nosso time já treinava há dois anos. Tínhamos muito conjunto. Quando um jogava a bola, o outro sabia o que fazer e naquele tempo no futebol quem corria era a bola e não o jogador. Em dois lances a gente ia no gol, ainda mais em Figueira de Melo, que era um campo de dimensões pequenas. Dia de treino os operários das fábricas dali, largavam e iam lá encher o campo para ver a gente treinar. Era maravilhoso, sabe”.          

Os chamados clubes pequenos eram importantes celeiros de bons jogadores para os grandes clubes. Esse foi um dois fatores que contribuiram para o enfraquecimento do time do São Cristóvão nos anos seguintes :

“No ano em que aparecia um jogador bom, no outro ano ele já não estava mais no time. Nunca formamos depois disso um time com conjunto. Augusto foi para o Vasco; Santo Cristo para o Fluminense; Caxambu para o Palmeiras; João Pinto para o Vasco; Papeti para o Botafogo; Mundinho para o América.” 

Vasco e Palmeiras se interessaram por Magalhães, mais ele decide ficar em Figueira de Melo: 

“Eu trabalhava, também, numa alfaiataria. Meu patrão era vascaino e queria me levar para o Vasco. O Vasco me dava vinte e eu fiquei no São Cristóvão por cinco. O Palmeiras ofereceu pelo meu passe 100 mil cruzeiros. Devido ao tempo de clube, apanhei amor a camisa. Eu gostava do São Cristóvão e não queria trocar de clube”.
                                                                                                       
Os jornais referiam-se ao São Cristóvão como a “maquina” sãocristovense, em razão das excelentes exibições da equipe, não só no Rio como na excursão realizada pelo Brasil. Magalhães lembrou de alguns resultados: 

“Não chegamos a ir para o exterior, por causa da guerra. Em São Paulo, vencemos a Portuguesa de Desportos, no Pacaembu por 7 a 2 .Em Belém, derrotamos o Paysandu por 4 a l e no Recife estreamos com uma vitória sobre o Sport por 1 a 0. No jogo na capital paulista marcaram para os alvos Nestor (2), Santo Cristo (2), Alfredo, João Pinto e Magalhães, descontando para Portuguesa, Xavier e Charuto. 

Em Recife, o São Cristóvão venceu o Sport com Velez (goleiro uruguaio), Pelado e Mundinho; Bianchi; Papeti e Castanheira; Santo Cristo; Alfredo, Mical, Nestor e Magalhães. João Pinto não jogou porque estava na seleção carioca”. 

Em 1945 , surgiu a oportunidade de Magalhães integrar a seleção carioca: 

 “Luis Vinhais convocou três jogadores do São Cristóvão para completar o Vasco, para jogar contra os mineiros. Fomos eu, Mundinho e Nestor. A ala esquerda, eu e Nestor, era reserva de Jair e Chico. Eu treinei melhor do que o Chico, dito pelo Vinhais, na véspera do jogo . Ele me abraçou e foi comigo até o dormitório, dizendo que eu tinha que jogar. Mas, ele não podia ir contra a imprensa, que já tinha escalado o time. Eu perdi a oportunidade de jogar ao lado do Jair da Rosa Pinto ”.

Em 48, o São Cristóvão derrotou o Botafogo na estréia do campeonato por 4 a 0 e Magalhães falou com entusiasmo sobre a partida: 

“Demos um baile e o Neca foi a grande estrela do jogo. Neca, na escolinha do Botafogo, formou grandes jogadores”. 

Algumas decepções e problemas familiares contribuiram para Magalhães encerrar a carreira: 

“Minha filha estava para nascer e eu precisava de dinheiro para pagar a parteira. Pedi para fazer parte da equipe, que ia jogar um amistoso, em Friburgo, para ganhar uma gratificação de 500 cruzeiros. Aimoré Moreira, responsável pelo grupo, quando voltamos para o Rio, disse que o dinheiro prometido tinha que ser entregue a diretoria. A promessa era de pagar após o jogo .

Eu tinha casado de pouco e pensava em sair do São Cristóvão e ir para o Fluminense. Meu irmão Osvaldinho já tinha estado lá e o diretor de esportes me afirmou que se a situação ganhasse as eleições, eu poderia me considerar jogador contratado pelo Fluminense. Fui ao clube no dia seguinte e a oposição havia vencido. Aí um diretor de esportes, que era do amador, subiu e quis fazer renovação de valores. Quando eu fui saber se ia ficar ou não, ele disse que com 28 anos eu estava fora da idade de contratação. Poucos meses depois foram pegar o Esquerdinha, no Olaria, com 35 anos. Ali eu me desgostei por completo.
 
Ao mesmo tempo, meu sogro precisou da minha ajuda. Ele era farmacêutico e tinha uma farmácia na Penha. Ele e minha sogra já tinham certa idade. Só tinham duas filha e fui para lá trabalhar, fazendo plantão aos sábados."
 
 
Em 1942, Magalhães fazia a sua estreia na equipe titular do São Cristóvão: Gualter, Papeti, Joel, Mundinho, Castanheira e Augusto; Santo Cristo, Alfredo, Caxambu, Nestor e Magalhães
 
 
Santo Cristo e Magalhães fazem parte da gloriosa história do São Cristóvão
 
 
Campeões do Torneio Municipal de 1943: Joel, Mundinho e Augusto; Bianchi, Papeti, Castanheira e Santo Cristo; Alfredo, João Pinto, Nestor, Magalhães e Abel Picabéa
 
 
Na vitória por 4 a 2 sobre o Olaria, em Figueira de Melo, no campeonato carioca de 1948, Magalhães vence o goleiro Zezinho, observado por Lamparina.   
 

 

 

 

              

 

                                                    O centenário de "Figueirinha" - IV

                                                                          FOTOS

                                                
 
F 20 - Lance do empate de 1 a 1 com o Fluminense. Magalhães prepara-se para chutar, após a bola passar por Castilho
 
 
F 21 - O Botafogo conseguiu o empate no final  do jogo. Otávio marca o segundo do gol alvinegro, vencendo o goleiro Marujo
 
 
F 22 - Em 1952, na vitória do São Cristóvão por 2 a 1 diante do Botafogo, vemos o segundo gol alvo marcado por Humberto e o único gol botafoguense feito por Zezinho
 
 
F 23 - No amistoso internacional com o Dínamo de Zagreb, Carlinhos de pênalti marca o terceiro gol do São Cristóvão, chutando no canto esquerdo de Krall
 
 
F 24 - - Equipe do São Cristóvão que empatou com o Dínamo por 3 a 3: Índio, Bulao, Nei, Aloisio, Hélio e Ratão; Evaristo, Humberto, Nelsinho, Ivan e Carlinhos
 
 
F 25 - Torcedores assistem a partida entre São Cristóvão e Bangu pelo campeonato carioca de 1959
 
 
F 26 - Lance entre o ataque do São Cristóvão e a defesa do Bangu
 
 
F 27 - Comemoração de um dos gols do São Cristóvão na vitória por 2 a 0 sobre o Bangu. Marcaram Santo Cristo e Genivaldo
 
 
F 28 - Time do São Cristóvão que venceu o Campo Grande em julho de 1965, conquistando o Torneio de Acesso: Manga, Turcão, Elton, Edson, Ailton, Balbino e Eliseu; Nocaute Jack (massagista), Jorge, Gilberto, Aladim, Jair e Calazães 

domingo, 13 de novembro de 2016


                                                 O centenário de "Figueirinha " - III -

                                                                           FOTOS

 
F 11 - Na goleada de 6 a 1 sobre o Fluminense, o ataque do São Cristóvão leva perigo para a defesa tricolor. Batatais segura a boal observado por Caxambu, Nestor, Norival e Renganeschi
                                                                       
 
F 12 - Batatais evita a cabeçada de Santo Cristo, enquanto Norival faz a cobertura. Caxambu está na expectativa.
 
 
F 13 - Nestor marca para o São Cristóvão na vitória de 5 a 3 sobre o América
 
 
F 14 - A cola rola para o fundo da rede de Roberto. Mais um gol do São Cristóvão na partida diante do Vasco. Final: vitória por 6 a 4
 
 
F 15 - No triunfo por 6 a 4 sobre o Vasco, João Pinto e Alfredo comemoram um dos gols do São Cristóvão
 
 
F 16 - A arquibancada de madeira desaba durante a partida São Cristóvão e Flamengo
 
 
F 17 - Com a queda da arquibancada os torcedores correm para o gramado
 
 
 
F 18 - Vários torcedores se machucaram com o desabamento da arquibancada
 
 
F 19 - Matéria publicada no Jornal dos Sports sobre a reinauguração do estádio de Figueira de Melo após a construção da arquibancada de cimento.
 

                                                  

                                                   O centenário de "Figueirinha" - II -

                                                                          FOTOS
                                                                           
 
F01 - Os torcedores na arquibancada de madeira em Figueira de Melo nos primeiros anos da existência do campo do São Cristóvão
 
 
F 02 - Vista panorâmica do atual gramado de Figueira de Melo
 
 
F 03 - Neste prédio atrás de uma das balizas, as emissoras de rádio transmitiam as partidas em Figueira de Melo. Tive a oportunidade de viver grandes emoções ao narrar vários jogos através da Emissora Continental, Rádio Tupi e Rádio nacional. Tempos inesquecíveis! 
 
 
F 04 - A torcida do São Cristóvão presente em Figueirinha
 
 
F 05 - Time do São Cristóvão que empatou com o Fluminense na temporada de 1939: Picabéa Hernandez, Waldir, Dodô, Mundinho e Afonsinho; Roberto, Villegas, Joaquim, Nena e Careiro
 
 
F 06 - Time do Fluminense antes do jogo com o São Cristóvão: Guimarães, Brant, Batatais, Vicentini, Silveira e Malazzo; Pedro Amorim, Romeu, Fogueira, Tim e Orlandinho 
 
 
F 07 - Babatais, auxiliado por um companheiro, prende a rede que se soltou, sob os olhares do árbitro e de um dos seus auxiliares
 
 
F 08 - Lance na área tricolor com as presenças de Carreiro, Vicentini, Villegas e Silveira
 
 
F 09 - Aymoré defende protegido por Zezé Procópio, que evita a aproximação de Carreiro e Roberto.
 
 
F 10 - Lance na área botafoguense com as participações de Zezé Moreira, Joaquim, Villegas, Nariz e Zezé Procópio


                                               O centenário de "Figueirinha" - I -

Campo e estádio são inaugurados



Com a compra de um terreno de número 200, na Rua Figueira de Melo, endereço atual até os dias de hoje, nas margens do Rio Joana, o São Cristóvão passou a ter seu campo.
A inauguração, no dia 7 de setembro de 1915, o São Cristóvão venceu o América por 1 a 0. E no dia histórico e sagrado de 23 de abril de 1916, com a sede construída, o Estádio do São Cristóvão Athetic Club era inaugurado. No mundo futebolístico o tradicional endereço ficou conhecido como “Figueirinha”.
A bela festa de inauguração terminou com a realização de duas partidas de futebol. Na primeira, o São Cristóvão ganhou do Palmeiras, time do bairro e campeão da 3a Divisão de 1915, por 2 a 1, gols de Adhemar (SC 1 a 0), Renato Vinhaes (SC 2 a 0) e Sadi (Palmeiras 1 x 2). No jogo de fundo, houve o empate de 1 a 1 entre a equipe da casa e o Santos, o ilustre convidado. Heitor Pinheiro abriu o placar para o São Cristóvão, aos 14 minutos do 1o tempo, e Milton, sete minutos depois, empatou para o quadro santista.
No dia 15 de novembro de 1915, no seu primeiro amistoso interestadual, o São Cristóvão ganhou do Ypiranga, de São Paulo, por 5 a 3, gols de Portocarrero, Silvio (2), Cantuária e Salema.

Primeiras partidas internacionais 


1917
Ao receber, no dia 17 de julho de 1917, em Figueira de Melo, o time de marinheiros do cruzador inglês Orotawa, o São Cristóvão jogou sua primeira partida internacional e venceu por 4 a 1, gols de Cantuária.
No mesmo ano, em 19 de novembro, novo triunfo internacional. Agora, diante dos marinheiros do couraçado uruguaio Uruguay por 6 a 1, gols de Heitor “Leão” (3), João Cantuária (2) e Sylvio Fontes.

1937
No campeonato de 1937, o São Cristóvão foi o único a vencer o Fluminense, bicampeão carioca. Os alvos ganharam por 3 a 1, no 1o turno, em Figueira de Melo, no dia 30 de outubro de 1937. Os gols foram de Afonsinho e Carreiro (2). Sobral marcou para o tricolor das Laranjeiras. O São Cristóvão alinhou com: Walter, Hernandez e Osvaldo; Pibabéa, Dodo e Afonsinho; Roberto, Villegas (Hugo), Caxambu, Quintanillha e Carreiro.
1939
            Na temporada de 1939, conseguiu dois bons resultados em seu estádio. Empatou com o Fluminense por 2 a 2 e com o Botafogo de 3 a 3.
1942
O São Cristóvão obteve sensacional vitória sobre o Fluminense, líder invicto do campeonato carioca de 1942, por 6 a 1, em Figueira de Melo, gols de Caxambu (4), sendo o primeiro de bicicleta, e Nestor (2). Maracaí marcou para os tricolores.  

1943

Na 7a rodada do campeonato carioca de 1943, o São Cristóvão assumia a liderança ao vencer o América por 5 a 3, em Figueira de Melo. Marcaram os gols Esquerdinha (América 1 a 0), João Pinto (1 a 1), Maneco (América 2 a 1), Nestor (2 a 2); João Pinto (SC 3 a 2), Magalhães (4 a 2), Santo Cristo (5 a 2) e Jorginho (3 a 5).  

O São Cristóvão ganhou com: Joel, Augusto e Mundinho; Bianchi, Papeti e Castanheira; Santo Cristo, Alfredo, João Pinto, Nestor e Magalhães.

No campeonato carioca de 1943, o São Cristóvão brilhou novamente, terminando em 3o lugar e João Pinto foi artilheiro com 26 gols. Líder do campeonato quando faltavam três rodadas para terminar a competição, os cadetes venceram o Vasco por 6 a 4, em Figueira de Melo. João Pinto abriu a contagem; Lelé (pênalti) empatou e Chico virou o placar; Santo Cristo (pênalti) igualou o marcador e Lelé (pênalti) desempatou; João Pinto fez o 3o gol e Bianchi (contra) colocou o Vasco em vantagem; e João Pinto, Nestor e João Pinto levaram o São Cristóvão a vitória.  

O São Cristóvão perdia para o Flamengo, em Figueira de Melo, por 1 a 0, gol de Vevé aos 13 minutos de jogo. Cinco minutos depois, parte das arquibancadas desabou e o jogo foi suspenso. A partida válida pelo campeonato carioca de 1943 prosseguiu 72 horas depois, em São Januário. João Pinto empatou aos 33 minutos do 2o tempo e Santo Cristo, ainda, perdeu um pênalti defendido por Jurandir.  Com o desabamento o público não teve outra alternativa senão invadir o campo.

1946

            Com o desabamento das arquibancadas de madeira ocorrido na partida com o Flamengo, o São Cristóvão se viu obrigado a construir arquibancadas de cimento. O estádio foi reinaugurado três anos depois, em 1946, com a partida diante do Vasco, no dia 29 de junho. Os cadetes foram derrotados por 5 a 3.

1947
            No campeonato carioca de 1947, o Fluminense não passou de um empate de 2 a 2 no “alçapão” de Figueirinha.

1949

            Em 1949, era a vez do Botafogo passar por dificuldade em Figueira de Melo. Alvos e alvinegros ficaram no empate de 2 a 2.
 
1952

Na 2a rodada do campeonato carioca de 1952, o São Cristóvão conquistou a sua primeira vitória. Os alvos venceram o Botafogo por 2 a 1, em Figueira de Melo, gols de Ivan e Humberto e Zezinho para o Botafogo.

 1953
No dia 22 de fevereiro de 1953, o São Cristóvão recebeu em seu estádio o time iugoslavo do Dínamo de Zagreb. Reforçada por Evaristo, emprestado pelo Madureira, e Nelsinho, aspirante do Vasco, a equipe alva empatou de 3 a 3.
Evaristo marcou o primeiro gol da partida; Boskov, de pênalti, empatou; Liposinovic desempatou e Evaristo fez o 2o gol do São Cristóvão; novamente Liposinovic colocou o Dínamo em vantagem, batendo pênalti; e, finalmente, Carlinhos, de pênalti, definiu o placar em 3 a 3.

 1959
 
            No campeonato carioca, o São Cristóvão venceu o Bangu por 2 a 0, gols Santo Cristo e Genivaldo.

 1965
Campo Grande, Madureira, Olaria e São Cristóvão disputaram o Torneio de Acesso entre os dias 30 de maio e 4 de julho de 1965. O São Cristóvão estreou vencendo o Olaria por 2 a 1, em Figueira de Melo.
A partida de maior repercussão do torneio foi disputada dia 20 de junho, na rua Bariri, entre Olaria e São Cristóvão com a arbitragem de Armando Marques. O resultado apontou o empate de 3 a 3, gols de Gilberto e Aladim para os sãocristovenses e Manuel (2) para o Olaria, no 1o tempo. Na etapa final, Neivaldo aos 43 minutos fez Olaria 3 a 2 e no finalzinho, já nos acréscimos, aos 49, Jair empatou.
Testemunhas oculares desse jogo disseram que foi um dos maiores em termos de emoção, disputado por times tão equilibrados. Basta dizer que o grande jornalista  Armando Nogueira dedicou sua coluna “Na grande área” no Jornal do Brasil, de 21 de junho, a essa partida.
O São Cristóvão encerrava sua brilhante participação, em Figueira de Melo, no dia 4 de julho, diante do Campo Grande, novamente com a arbitragem de Armando Marques, auxiliado por Antônio Viug e Cláudio Magalhães.
O time alvo ganhou por 2 a 0, gols de Calazães e Jair, e conquistou o título de campeão do Torneio de Acesso. Foram 5 vitórias e 1 empate. A equipe no último jogo atuou com: Balbino, Edson, Ailton, Elton e Turcão; Eliseu e Jair; Calazães, Jorge, Gilberto e Aladim.
No ano seguinte, como frequentemente acontece no futebol: “não vale o que está escrito” e “palavra de dirigente volta atrás”. O campeonato estadual de 1966 foi disputado por 12 clubes e o Torneio de Acesso oficialmente de nada valeu. Porém, para os são cristovenses o título não será esquecido.

 

 

 

 

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Adeus ao eterno capita


                                          Adeus ao eterno capita

Carlos Alberto Torres nos deixou, sem aviso prévio, no último dia 26 de outubro.  Ele ficou conhecido no mundo do futebol como capita após a Copa do Mundo de 1970, no México, quando levantou a Taça Jules Rimet. O Brasil conquistava o seu terceiro título mundial.

O garoto que nasceu em São Cristóvão e se criou na Vila da Penha, tomou gosto pelo futebol nos terrenos baldios daquele subúrbio da Leopoldina. No vizinho bairro de Bonsucesso tentou a sorte no rubro-anil. Não foi aprovado.

Aos 15 anos chegou às Laranjeiras pelas mãos de Roberto Alvarenga. No primeiro treino sob o comando de Nilton Cardoso, quando foi apanhar uma bola que saíra pela lateral, viu seu pai sentado na social.

Carlos Alberto pediu ao patrão, Seu Geraldo Albernaz, para visitar uma tia que estava doente. Tudo cascata. O pai que não queria que o filho jogasse futebol, avisado por  Geraldo, soube do fato e compareceu às Laranjeiras.

Naquele dia, Carlos chegou à casa bem tarde. Pouco adiantou, porque acordou de manhã sob as cinturadas do pai. Não desistiu de seu objetivo, tomou coragem e disse à família: “Vou ser jogador de futebol. Fiquem tranqüilos, porque não deixarei de estudar”. Os país concordaram.

Em 1960 e 1061 disputou o campeonato carioca de juvenis pelo Fluminense. No ano seguinte se sagrou campeão carioca de aspirantes. Em 1963, na equipe de profissionais participou do famoso Fla x Flu (0 x 0) que decidiu o título do campeonato em favor do Flamengo que jogava pelo empate.

Sob o comando técnico de Tim, o Fluminense foi campeão de 1964, Lá estava o jovem Carlos Alberto ao lado de jogadores consagrados como Castilho, Procópio, Altair, Amoroso.

No Santos de Pelé e Cia, tornou-se capitão devido as suas posições firmes e independentes. A equipe santista ia excursionar e os jogadores foram comunicados que parte da gratificação não seria paga para cobrir o que Pelé receberia. Carlos Alberto foi a única voz discordante. Chamado pela direção, além de ser elogiado pela sua atitude, passou a ser o capitão do time.

Em 1966, a Comissão Técnica da seleção brasileira preferiu levar o veterano Djalma Santos e Fidelis para a Copa do Mundo, na Inglaterra. Carlos Alberto indignado não se conformou com o corte.

Convocado para a seleção brasileira com craques como Pelé, Rivelino, Tostão, Jairzinho, Paulo César, foi escolhido capitão da equipe. Ficou marcado pelo gesto de beijar e erguer a Taça Jules Rimet após a vitória diante da Itália por 4 a 1.

Marcante também foi o quarto gol brasileiro de sua autoria. Linda jogada até o chute contra a meta de Albertosi. Clodoaldo driblou três adversários, entregou a Rivelino, que esticou a Jairzinho na esquerda, daí para Pelé. Na entrada da área, ele dominou com o pé esquerdo, passou para o direito e rolou para Carlos Alberto que na corrida chutou de pé direito rasteiro no canto na meta italiana.

Carlos Alberto vestiu também as camisas do Botafogo, Flamengo e Cosmos de Nova Iorque, além de ter retornado ao Fluminense, fazendo parte da “máquina” do Doutor Horta, sagrando-se mais uma vez campeão estadual.

Na carreira de técnico, conquistou o campeonato brasileiro de 1983, no Flamengo, e a Comebol dirigindo o Botafogo, em 1993.

Carlos Alberto ultimamente era comentarista do Sport TV, onde participava dos programas Troca de Passes e Seleção.

Terminamos com a feliz palavra de Cafu, capitão do Brasil na Copa do Mundo de 2002: “Aqui na Terra estamos tristes, mas no Céu existe alegria por receber um anjo do futebol”.

 
Foto 01 - Em 1960, o início no juvenil do Fluminense


 
Foto 02 - Campeão estadual sob o comando técnico do
 grande Tim: Carlos Alberto, Procópio, Altair, Castilho, Oldair e Nonô; Santana, Amoroso, Ubiraci, Evaldo, Joaquinzinho e Edinho

 
Foto 03 - Carlos Alberto, Arnaldo Cesar Coelho e Gerson antes de Santos x Botafogo, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo

 
Foto 04 - O quarto gol diante da Itália na final da Copa de 1970, no México, marcou a carreira de Carlos Alberto

 
Foto 05 - Carlos Alberto e Pelé se abraçam emociados após a conquista do título mundial de 1970

 
Foto 06 - Em 1971, Carlos Alberto vestiu a camisa do Botafogo: Carlos Alberto, Ubirajara, Nei, Brito, Leônidas e Paulo Henrique; Bento Mariano, Zequinha, Roberto, Careca, Jairzinho e Paulo César  

 
Foto 07 - Carlos Alberto ergue o troféu de bicampeão estadual de 1976 ao lado de Domingos Bosco.

 
Foto 08 - A "máquina" do Doutor Horta conquistou o Torneio de Paris. Carlos Alberto com o lindo troféu, a Torre Eifell, um dos símbolos da Cidade Luz

 
Foto 09 - Em 1977, Carlos Alberto atuou pelo Flamengo: Roberto, Rondinelli, Carlos Alberto, Júnior, Vanderlei e Merica; Tita, Adílio, Kalu, Dendê e Luís Paulo

 
Foto 10 - No Cosmos de Nova Iorque, o capita também foi campeão

 
Foto 11 - Como técnico do Botafogo em 1993, Carlos Alberto conquistou a Comebol após o emapte com o Peñarol. O capita e Williams vibra com o título