Zezé Moreira comanda o “timinho” campeão - I -
Depois da péssima campanha no campeonato carioca de
1950, medidas importantes foram tomadas nas Laranjeiras para a temporada de
1951, inclusive com a inauguração de uma moderna concentração para os
jogadores.
Zezé Moreira, técnico campeão carioca de 1948 pelo
Botafogo, foi contratado com a missão de renovar o elenco do Fluminense.
Como se dizia na gíria esportiva, os tricolores
fizeram barba, cabelo e bigode. Foram pentacampeões juvenis, campeões de
aspirantes e conquistaram o título carioca de profissionais.
Castilho, Píndaro, Pinheiro, Didi, Carlyle e Orlando
permaneceram no elenco tricolor. Foram contratados Victor, do Bonsucesso, Lino
e Jair, do São Cristóvão, e Edson, do Siderúrgica, de Minas Gerais. Robson, Quincas
e Joel eram crias da casa, além de Telê que no juvenil atuava de centroavante.
Chamado para o
time principal, Telê exerceu, como ponta recuado pela direita, uma das
principais funções no esquema implantado por Zezé Moreira. Faziam também parte
do grupo Nestor, Pé de Valsa, Lafaiete, Jaiminho, vindo de Recife, Nino,
ex-Portuguesa de Desportos, e o peruano Villalobos.
No primeiro Fla x Flu do campeonato, realizado no dia
14 de outubro de 1951, o Jornal dos Sports promoveu uma grande festa entre as
duas torcidas. Motivados rubro-negros e tricolores realizaram um dos mais belos
espetáculos da história do Maracanã. Pelo lado do Flamengo, sob o som da famosa
charanga liderada por Jaime de Carvalho, os rubro-negros improvisaram
verdadeiro carnaval.
No gramado, Paulista, chefe da torcida tricolor,
trajando smoking e cartola, recebia bela moça saída de gigantesca caixa de
pó-de-arroz. Ambos desfilaram pelo gramado ao lado do cantor Blecaute, vestido
de general, que fazia grande sucesso com a marchinha General da Banda.
Assistiram à partida o Presidente Getúlio Vargas, o
Vice-Presidente Café Filho e o Prefeito
João Carlos Vidal. Paulista, sempre acompanhado por Bolinha, com o seu
inseparável sino, e Jaime de Carvalho se encontraram na arquibancada, em frente
à linha central do campo, se abraçaram e trocaram corbeilles de lindas flores
sob os aplausos do público que lotava o Maracanã. Eu, garoto de 12 anos, tive o privilégio de assistir a inesquecível festa, levado ao Maracanã pelo querido e saudoso Tio Jader.
Bons tempos àqueles em que o futebol era uma grande festa. As
torcidas não se agrediam, ao contrário, se confraternizavam. Saudades de Paulista,
Bolinha e Jaime de Carvalho, genuínos torcedores.
A partida foi emocionante. No Flamengo, estreava o
excelente ponta-direita Joel. Jovem, ainda, o estreante deu muito trabalho ao
setor esquerdo da defesa tricolor. Na meta do Fluminense, Castilho praticava
grandes defesas. Numa cabeçada do gaúcho Hermes, meia-direita rubro-negro, a
bola o encobriu e bateu no travessão. Castilho virou-se de frente para o seu
gol e a bola caiu, sem que ele se movesse, em seus braços. Foram muitas
emoções.
O Fluminense ganhou no duelo das torcidas e no campo.
Orlando “Pingo de Ouro” marcou o gol da vitória e repetiu a dose no returno na
vitória também por 1 a 0 contra o tradicional adversário.
Na última rodada do campeonato, o adversário era o Bangu sobre o
qual o Fluminense tinha a vantagem de dois pontos. Os alvi-rubros venceram por 1 a 0, gol de Vermelho.
Igualados em pontos perdidos, Fluminense e Bangu decidiram o título numa série
melhor de três.
O Bangu possuía excelente equipe dirigida por Ondino Viera e liderada pelo cracaço Zizinho.
No primeiro jogo, o Fluminense ganhou por 1 a 0, gol de Orlando. A partida foi
tumultuada. Num choque com Didi, o zagueiro Mendonça teve a perna fraturada e
Mirim agrediu Orlando. Carlyle e Mirim foram expulsos. O atacante tricolor se
desentendeu com Osvaldo “Topete”, desmanchando o tão bem cuidado cabelo de
Osvaldo.
Para a segunda partida, Ondino fez várias alterações no
time do Bangu, enquanto Zezé Moreira, devido à ausência de Carlyle, alterou
taticamente a equipe. Telê, que auxiliava o meio campo pela direita, substituiu
Carlyle no comando do ataque, posição em que jogava no juvenil. Zezé tirou o
ponta-esquerda Joel e escalou Robson para exercer a função de Telê pela
esquerda. No lugar de Telê, colocou o ex-são-cristovense Lino.
Com a vitória por 2 a 0 sobre o Bangu, dois gols de Telê, o
Fluminense, há 65 anos, conquistou o campeonato carioca de 1951. Tive a oportunidade de
estar presente no Maracanã. O garoto de 12 anos vibrava com a conquista de seu
time.
Os adversários e a crônica esportiva em geral chamavam a equipe do
Fluminense de “timinho”, devido às vitórias de 1 a 0 em alguns jogos. Porém, a
verdade é que os tricolores venceram por 1 a 0 apenas três vezes: o Flamengo nos dois
turnos e o Bangu na primeira partida da melhor de três.
Como
se dizia popularmente, o Fluminense fez barba, cabelo e bigode: campeão carioca
de profissionais, pentacampeonato de juvenis e campeão de aspirantes.
Sobre a marcação por zona, criada por Zezé Moreira, e
a campanha do time, as explicações ficam por conta dos depoimentos de alguns
personagens que integraram à equipe campeã carioca de 1951, como Orlando “Pingo
de Ouro, Píndaro, Pinheiro e Victor.
Fotos 08 - O Fla x Flu
no primeiro turno do campeonato carioca de 1951 foi uma grande festa. O
concurso promovido pelo Jornal dos Sports mobilizou as duas torcidas que
brilharam no Maracanã. A torcida tricolor joga pó de arroz sobre os torcedores
do Flamengo.
Foto 09 – Time do
Fluminense antes da segunda partida da melhor de três que decidiu o campeonato
carioca de 1951: em pé, Píndaro, Lafaiete, Vitor, Edson, Castilho e Pinheiro;
agachados, Lino, Orlando, Telê, Didi e Robson.
A torcida do Fluminense joga pó-de-arroz sobre os torcedores rubro-negros. Tudo é festa!
Paulista ao lado de Terezinha Panda saúdam o público que lotava o Maracanã
Paulista, Terezinha Panda e Blecaute, famoso cantor intérprete da marchinha General da Banda
Time do Fluminense antes do Fla x Flu: Píndaro, Victor, Edson, Jair, Castilho e Pinheiro; Telê, Blaceute, Didi, Carlyle, Orlando e Joel
Orlando, autor do gol tricolor, sai abraçado por torcedores
Rafanelli, Mário Vianna, com dois enes, e Carlyle antes da primeira partida da melhor de três
Castilho e Nívio disputam a bola junto a linha de fundo. Zizinho e Edson observam o lance
Carlyle desmancha o topete de Osvaldo e Mirim agride Orlando
Osvaldo tenta derrubar Carlyle
Equipe tricolor antes do segundo jogo da melhor de três: Píndaro, Lafaiete, Victor, Edson, Castilho e Pinheiro; Lino, Orlando, Telê, Didi e Robson
Telê marca um de seus gols na segunda partida da melhor de três. Osvaldo está batido e Salvador observa a bola no fundo da rede banguense
Ainda no gramado, Carlyle abraça Robson após o segundo jogo
Na sede das Laranjeiras, Zezé Moreira é carregado pelos torcedores
Carlyle, artilheiro do campeonato, recebe o cheque relativo ao prêmio pelo título carioca de 1951
Orlando "Pingo de Ouro" olha o cheque relativo ao prêmio pelo título de campeão na presença do Presidente Fábio Carneiro e Mendonça
O Presidente Fábio Carneiro de Mendonça entrega o cheque a Pinheiro
Castilho recebe das mãos do Presidente Fábio Carneiro de Mendonça o cheque referente ao prêmio pelo título de campeão carioca
Mini biografias dos campeões cariocas de 1951
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