A derrota do já ganhou – I -
A Segunda Guerra Mundial, iniciada
um ano e três meses após a Copa de 1938, deixou os anos quarenta sem as emoções
de uma Copa do Mundo. Jogadores
extraordinários, especialmente, argentinos e brasileiros deixaram de mostrar ao
mundo a arte de jogar futebol. Nessa época, as seleções argentina e brasileira
e, até mesmo, a uruguaia possuíam uma fartura de craques.
A ausência da
Argentina na Copa de 50 frustrou, sem dúvida, craques como Carrizo, Nestor
Rossi, Labruna, Moreno, Boyé, Lostau, Mendez, Pedernera, Di Stéfano e tantos
outros.
Do lado
brasileiro Zizinho, Jair Rosa Pinto, Ademir, Bauer, Danilo tiveram a chance de
disputar o mundial de 50, mas poderiam ter participado dos mundiais de 42 e 46
com Leônidas, Domingos, Romeu, Tim, Heleno de Freitas, se não houvesse a
guerra.
Alguns fatos são
apontados no livro “Brasil x Argentina – histórias do maior clássico do futebol
mundial (1908 – 2008)” escrito por Newton César de Oliveira Santos:
“A Argentina
ficou de fora, alegando oficialmente que seu campeonato local estava em
andamento e que sua participação seria prejudicada pelo êxodo de jogadores
causado pelo “El Dourado Colombiano” (referência ao campeonato sul-americano
1949). A mesma razão foi usada também para comunicar a não participação na Copa
do Mundo que seria realizada no ano seguinte, também, no Brasil.
Extra oficialmente,
a ausência dos argentinos foi considerada um ato de protesto contra a Conmebol,
uma vez que a AFA se sentiu traída pela entidade sul-americana ao não receber
apoio para sediar o mundial de 50.
Na verdade, o que circulou na ocasião foi que
o governo Perón preferia evitar o risco de manchar a aura vencedora da seleção
Argentina arriscando-se a não ganhar a Copa. Afinal de contas, seria difícil
montar um selecionado do nível das equipes que haviam conquistado três
campeonatos sul-americanos consecutivos, estando os principais jogadores
atuando na Colômbia”.
Em
1946, o congresso da FIFA, realizado em Luxemburgo, oficializou o Brasil como
sede da IV Copa do Mundo, inicialmente marcada para 1949. As dificuldades que
envolviam a organização do grande evento adiaram o mundial para o ano seguinte.
O
Brasil possuía alguns bons estádios para a época como o Couto Pereira, em
Curitiba, a Ilha do Retiro, em Recife, o Independência, em Belo Horizonte, São
Januário, no Rio de Janeiro e o Pacaembu, em São Paulo.
No início dos
anos quarenta, a Prefeitura de São Paulo construiu o Pacaembu. A partir daí, a
idéia de se construir um grande estádio ganhou força. De fato, o sonho passou a
caminhar para a realidade após a escolha oficial do Brasil, em 1949, como sede
da IV Copa do Mundo.
Construído o tão
sonhado Estádio Municipal, orgulho da engenharia brasileira, no bairro do
Maracanã, o Brasil mostrara a todos que tinha a capacidade de erguer o maior palco
de futebol do mundo.
No dia 16 de
junho, um mês antes do início da Copa, o Maracanã foi inaugurado com a partida
entre as seleções de novos do Rio e de São Paulo. Os paulistas venceram por 3 a
1. Waldir Pereira, o Didi, entrou para a história por ser o autor do primeiro
gol no novo estádio ao abrir a contagem.
No final da
década de quarenta, os dois melhores times brasileiros eram o São Paulo e o
Vasco da Gama. O tricolor paulista conquistara cinco campeonatos e o clube de
São Januário, com o seu “Expresso da Vitória”, ganhara os títulos cariocas de
45, 47, 49 e em 48 se sagrara Campeão dos Campeões, no Chile. Nada mais lógico
que Flávio Costa, técnico do Vasco, e Vicente Feola, técnico do São Paulo,
fossem os escolhidos para dirigir o selecionado brasileiro.
São Paulo e
Vasco formaram a base da seleção brasileira. Foram chamados os são-paulinos
Rui, Bauer, Noronha e Friaça; e os vascaínos Barbosa, Augusto, Eli, Danilo,
Alfredo, Maneca, Ademir e Chico. Os nove jogadores restantes eram: Castilho
(Fluminense), Juvenal (Flamengo), Nena (Internacional), Nilton Santos
(Botafogo), Bigode (Flamengo), Zizinho (Bangu), Baltazar (Corinthians),
Adãozinho (Internacional), Jair (Palmeiras) e Rodrigues (Palmeiras).
No ano anterior
à Copa do Mundo, disputamos o Campeonato Sul-americano, no Brasil, e em maio de
1950 a Copa Rio Branco com o Uruguai e a Taça Osvaldo Cruz com o Paraguai.
Ganhamos fácil o
sul-americano. Aplicamos goleadas sobre o Equador (9 a 1), a Bolívia (10 a 1),
a Colômbia (5 a 0), o Paraguai (7 a 0), o Peru (7 a 1), e o Uruguai (5 a 1).
Esse último se apresentou com seu time reserva. Vencemos o Chile por 2 a 1, e
perdemos para o Paraguai também por 2 a 1, na última rodada. Na partida extra,
goleamos os guaranis por 7 a 0.
Diante dos
uruguaios, na Copa Rio Branco, em 6 de maio de 1950, a seleção brasileira
titular, que atuava de camisas brancas, perdeu por 4 a 3, no Pacaembu. No dia
seguinte, a seleção reserva, de uniforme azul, ganhou do Paraguai por 2 a 0, em
São Januário.
No dia 13 de
maio, os reservas empataram com os paraguaios de 3 a 3, no Pacaembu, e os
titulares, no dia 14 de maio, ganharam dos uruguaios por 3 a 2, em São
Januário.
Na terceira
partida diante do Uruguai, para decidir a Copa Rio Branco, vencemos por 1 a 0,
no dia 17 de maio, em São Januário, gol de Ademir. A celeste olímpica disputou
os jogos da Copa Rio Branco com os titulares..
O jornalista
Mário Filho, grande incentivador da construção do Maracanã, por intermédio de
matérias escritas no Jornal dos Sports, fez pesadas críticas sobre a atuação da
seleção brasileira diante dos uruguaios, chamando a atenção para a má forma
física de alguns jogadores.
Foto 01
Foto 02
Foto 03
F01 - Didi recebe de Carlyle e faz
o gol histórico, o primeiro marcado no Maracanã.
F02 – Gráfico dos gols na partida
entre carioca e paulistas que inaugurou o Maracanã.
F03 – Cartaz alusivo à Copa do
Mundo de 1950.
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