domingo, 13 de novembro de 2016


                                                 O centenário de "Figueirinha " - III -

                                                                           FOTOS

 
F 11 - Na goleada de 6 a 1 sobre o Fluminense, o ataque do São Cristóvão leva perigo para a defesa tricolor. Batatais segura a boal observado por Caxambu, Nestor, Norival e Renganeschi
                                                                       
 
F 12 - Batatais evita a cabeçada de Santo Cristo, enquanto Norival faz a cobertura. Caxambu está na expectativa.
 
 
F 13 - Nestor marca para o São Cristóvão na vitória de 5 a 3 sobre o América
 
 
F 14 - A cola rola para o fundo da rede de Roberto. Mais um gol do São Cristóvão na partida diante do Vasco. Final: vitória por 6 a 4
 
 
F 15 - No triunfo por 6 a 4 sobre o Vasco, João Pinto e Alfredo comemoram um dos gols do São Cristóvão
 
 
F 16 - A arquibancada de madeira desaba durante a partida São Cristóvão e Flamengo
 
 
F 17 - Com a queda da arquibancada os torcedores correm para o gramado
 
 
 
F 18 - Vários torcedores se machucaram com o desabamento da arquibancada
 
 
F 19 - Matéria publicada no Jornal dos Sports sobre a reinauguração do estádio de Figueira de Melo após a construção da arquibancada de cimento.
 

                                                  

                                                   O centenário de "Figueirinha" - II -

                                                                          FOTOS
                                                                           
 
F01 - Os torcedores na arquibancada de madeira em Figueira de Melo nos primeiros anos da existência do campo do São Cristóvão
 
 
F 02 - Vista panorâmica do atual gramado de Figueira de Melo
 
 
F 03 - Neste prédio atrás de uma das balizas, as emissoras de rádio transmitiam as partidas em Figueira de Melo. Tive a oportunidade de viver grandes emoções ao narrar vários jogos através da Emissora Continental, Rádio Tupi e Rádio nacional. Tempos inesquecíveis! 
 
 
F 04 - A torcida do São Cristóvão presente em Figueirinha
 
 
F 05 - Time do São Cristóvão que empatou com o Fluminense na temporada de 1939: Picabéa Hernandez, Waldir, Dodô, Mundinho e Afonsinho; Roberto, Villegas, Joaquim, Nena e Careiro
 
 
F 06 - Time do Fluminense antes do jogo com o São Cristóvão: Guimarães, Brant, Batatais, Vicentini, Silveira e Malazzo; Pedro Amorim, Romeu, Fogueira, Tim e Orlandinho 
 
 
F 07 - Babatais, auxiliado por um companheiro, prende a rede que se soltou, sob os olhares do árbitro e de um dos seus auxiliares
 
 
F 08 - Lance na área tricolor com as presenças de Carreiro, Vicentini, Villegas e Silveira
 
 
F 09 - Aymoré defende protegido por Zezé Procópio, que evita a aproximação de Carreiro e Roberto.
 
 
F 10 - Lance na área botafoguense com as participações de Zezé Moreira, Joaquim, Villegas, Nariz e Zezé Procópio


                                               O centenário de "Figueirinha" - I -

Campo e estádio são inaugurados



Com a compra de um terreno de número 200, na Rua Figueira de Melo, endereço atual até os dias de hoje, nas margens do Rio Joana, o São Cristóvão passou a ter seu campo.
A inauguração, no dia 7 de setembro de 1915, o São Cristóvão venceu o América por 1 a 0. E no dia histórico e sagrado de 23 de abril de 1916, com a sede construída, o Estádio do São Cristóvão Athetic Club era inaugurado. No mundo futebolístico o tradicional endereço ficou conhecido como “Figueirinha”.
A bela festa de inauguração terminou com a realização de duas partidas de futebol. Na primeira, o São Cristóvão ganhou do Palmeiras, time do bairro e campeão da 3a Divisão de 1915, por 2 a 1, gols de Adhemar (SC 1 a 0), Renato Vinhaes (SC 2 a 0) e Sadi (Palmeiras 1 x 2). No jogo de fundo, houve o empate de 1 a 1 entre a equipe da casa e o Santos, o ilustre convidado. Heitor Pinheiro abriu o placar para o São Cristóvão, aos 14 minutos do 1o tempo, e Milton, sete minutos depois, empatou para o quadro santista.
No dia 15 de novembro de 1915, no seu primeiro amistoso interestadual, o São Cristóvão ganhou do Ypiranga, de São Paulo, por 5 a 3, gols de Portocarrero, Silvio (2), Cantuária e Salema.

Primeiras partidas internacionais 


1917
Ao receber, no dia 17 de julho de 1917, em Figueira de Melo, o time de marinheiros do cruzador inglês Orotawa, o São Cristóvão jogou sua primeira partida internacional e venceu por 4 a 1, gols de Cantuária.
No mesmo ano, em 19 de novembro, novo triunfo internacional. Agora, diante dos marinheiros do couraçado uruguaio Uruguay por 6 a 1, gols de Heitor “Leão” (3), João Cantuária (2) e Sylvio Fontes.

1937
No campeonato de 1937, o São Cristóvão foi o único a vencer o Fluminense, bicampeão carioca. Os alvos ganharam por 3 a 1, no 1o turno, em Figueira de Melo, no dia 30 de outubro de 1937. Os gols foram de Afonsinho e Carreiro (2). Sobral marcou para o tricolor das Laranjeiras. O São Cristóvão alinhou com: Walter, Hernandez e Osvaldo; Pibabéa, Dodo e Afonsinho; Roberto, Villegas (Hugo), Caxambu, Quintanillha e Carreiro.
1939
            Na temporada de 1939, conseguiu dois bons resultados em seu estádio. Empatou com o Fluminense por 2 a 2 e com o Botafogo de 3 a 3.
1942
O São Cristóvão obteve sensacional vitória sobre o Fluminense, líder invicto do campeonato carioca de 1942, por 6 a 1, em Figueira de Melo, gols de Caxambu (4), sendo o primeiro de bicicleta, e Nestor (2). Maracaí marcou para os tricolores.  

1943

Na 7a rodada do campeonato carioca de 1943, o São Cristóvão assumia a liderança ao vencer o América por 5 a 3, em Figueira de Melo. Marcaram os gols Esquerdinha (América 1 a 0), João Pinto (1 a 1), Maneco (América 2 a 1), Nestor (2 a 2); João Pinto (SC 3 a 2), Magalhães (4 a 2), Santo Cristo (5 a 2) e Jorginho (3 a 5).  

O São Cristóvão ganhou com: Joel, Augusto e Mundinho; Bianchi, Papeti e Castanheira; Santo Cristo, Alfredo, João Pinto, Nestor e Magalhães.

No campeonato carioca de 1943, o São Cristóvão brilhou novamente, terminando em 3o lugar e João Pinto foi artilheiro com 26 gols. Líder do campeonato quando faltavam três rodadas para terminar a competição, os cadetes venceram o Vasco por 6 a 4, em Figueira de Melo. João Pinto abriu a contagem; Lelé (pênalti) empatou e Chico virou o placar; Santo Cristo (pênalti) igualou o marcador e Lelé (pênalti) desempatou; João Pinto fez o 3o gol e Bianchi (contra) colocou o Vasco em vantagem; e João Pinto, Nestor e João Pinto levaram o São Cristóvão a vitória.  

O São Cristóvão perdia para o Flamengo, em Figueira de Melo, por 1 a 0, gol de Vevé aos 13 minutos de jogo. Cinco minutos depois, parte das arquibancadas desabou e o jogo foi suspenso. A partida válida pelo campeonato carioca de 1943 prosseguiu 72 horas depois, em São Januário. João Pinto empatou aos 33 minutos do 2o tempo e Santo Cristo, ainda, perdeu um pênalti defendido por Jurandir.  Com o desabamento o público não teve outra alternativa senão invadir o campo.

1946

            Com o desabamento das arquibancadas de madeira ocorrido na partida com o Flamengo, o São Cristóvão se viu obrigado a construir arquibancadas de cimento. O estádio foi reinaugurado três anos depois, em 1946, com a partida diante do Vasco, no dia 29 de junho. Os cadetes foram derrotados por 5 a 3.

1947
            No campeonato carioca de 1947, o Fluminense não passou de um empate de 2 a 2 no “alçapão” de Figueirinha.

1949

            Em 1949, era a vez do Botafogo passar por dificuldade em Figueira de Melo. Alvos e alvinegros ficaram no empate de 2 a 2.
 
1952

Na 2a rodada do campeonato carioca de 1952, o São Cristóvão conquistou a sua primeira vitória. Os alvos venceram o Botafogo por 2 a 1, em Figueira de Melo, gols de Ivan e Humberto e Zezinho para o Botafogo.

 1953
No dia 22 de fevereiro de 1953, o São Cristóvão recebeu em seu estádio o time iugoslavo do Dínamo de Zagreb. Reforçada por Evaristo, emprestado pelo Madureira, e Nelsinho, aspirante do Vasco, a equipe alva empatou de 3 a 3.
Evaristo marcou o primeiro gol da partida; Boskov, de pênalti, empatou; Liposinovic desempatou e Evaristo fez o 2o gol do São Cristóvão; novamente Liposinovic colocou o Dínamo em vantagem, batendo pênalti; e, finalmente, Carlinhos, de pênalti, definiu o placar em 3 a 3.

 1959
 
            No campeonato carioca, o São Cristóvão venceu o Bangu por 2 a 0, gols Santo Cristo e Genivaldo.

 1965
Campo Grande, Madureira, Olaria e São Cristóvão disputaram o Torneio de Acesso entre os dias 30 de maio e 4 de julho de 1965. O São Cristóvão estreou vencendo o Olaria por 2 a 1, em Figueira de Melo.
A partida de maior repercussão do torneio foi disputada dia 20 de junho, na rua Bariri, entre Olaria e São Cristóvão com a arbitragem de Armando Marques. O resultado apontou o empate de 3 a 3, gols de Gilberto e Aladim para os sãocristovenses e Manuel (2) para o Olaria, no 1o tempo. Na etapa final, Neivaldo aos 43 minutos fez Olaria 3 a 2 e no finalzinho, já nos acréscimos, aos 49, Jair empatou.
Testemunhas oculares desse jogo disseram que foi um dos maiores em termos de emoção, disputado por times tão equilibrados. Basta dizer que o grande jornalista  Armando Nogueira dedicou sua coluna “Na grande área” no Jornal do Brasil, de 21 de junho, a essa partida.
O São Cristóvão encerrava sua brilhante participação, em Figueira de Melo, no dia 4 de julho, diante do Campo Grande, novamente com a arbitragem de Armando Marques, auxiliado por Antônio Viug e Cláudio Magalhães.
O time alvo ganhou por 2 a 0, gols de Calazães e Jair, e conquistou o título de campeão do Torneio de Acesso. Foram 5 vitórias e 1 empate. A equipe no último jogo atuou com: Balbino, Edson, Ailton, Elton e Turcão; Eliseu e Jair; Calazães, Jorge, Gilberto e Aladim.
No ano seguinte, como frequentemente acontece no futebol: “não vale o que está escrito” e “palavra de dirigente volta atrás”. O campeonato estadual de 1966 foi disputado por 12 clubes e o Torneio de Acesso oficialmente de nada valeu. Porém, para os são cristovenses o título não será esquecido.

 

 

 

 

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Adeus ao eterno capita


                                          Adeus ao eterno capita

Carlos Alberto Torres nos deixou, sem aviso prévio, no último dia 26 de outubro.  Ele ficou conhecido no mundo do futebol como capita após a Copa do Mundo de 1970, no México, quando levantou a Taça Jules Rimet. O Brasil conquistava o seu terceiro título mundial.

O garoto que nasceu em São Cristóvão e se criou na Vila da Penha, tomou gosto pelo futebol nos terrenos baldios daquele subúrbio da Leopoldina. No vizinho bairro de Bonsucesso tentou a sorte no rubro-anil. Não foi aprovado.

Aos 15 anos chegou às Laranjeiras pelas mãos de Roberto Alvarenga. No primeiro treino sob o comando de Nilton Cardoso, quando foi apanhar uma bola que saíra pela lateral, viu seu pai sentado na social.

Carlos Alberto pediu ao patrão, Seu Geraldo Albernaz, para visitar uma tia que estava doente. Tudo cascata. O pai que não queria que o filho jogasse futebol, avisado por  Geraldo, soube do fato e compareceu às Laranjeiras.

Naquele dia, Carlos chegou à casa bem tarde. Pouco adiantou, porque acordou de manhã sob as cinturadas do pai. Não desistiu de seu objetivo, tomou coragem e disse à família: “Vou ser jogador de futebol. Fiquem tranqüilos, porque não deixarei de estudar”. Os país concordaram.

Em 1960 e 1061 disputou o campeonato carioca de juvenis pelo Fluminense. No ano seguinte se sagrou campeão carioca de aspirantes. Em 1963, na equipe de profissionais participou do famoso Fla x Flu (0 x 0) que decidiu o título do campeonato em favor do Flamengo que jogava pelo empate.

Sob o comando técnico de Tim, o Fluminense foi campeão de 1964, Lá estava o jovem Carlos Alberto ao lado de jogadores consagrados como Castilho, Procópio, Altair, Amoroso.

No Santos de Pelé e Cia, tornou-se capitão devido as suas posições firmes e independentes. A equipe santista ia excursionar e os jogadores foram comunicados que parte da gratificação não seria paga para cobrir o que Pelé receberia. Carlos Alberto foi a única voz discordante. Chamado pela direção, além de ser elogiado pela sua atitude, passou a ser o capitão do time.

Em 1966, a Comissão Técnica da seleção brasileira preferiu levar o veterano Djalma Santos e Fidelis para a Copa do Mundo, na Inglaterra. Carlos Alberto indignado não se conformou com o corte.

Convocado para a seleção brasileira com craques como Pelé, Rivelino, Tostão, Jairzinho, Paulo César, foi escolhido capitão da equipe. Ficou marcado pelo gesto de beijar e erguer a Taça Jules Rimet após a vitória diante da Itália por 4 a 1.

Marcante também foi o quarto gol brasileiro de sua autoria. Linda jogada até o chute contra a meta de Albertosi. Clodoaldo driblou três adversários, entregou a Rivelino, que esticou a Jairzinho na esquerda, daí para Pelé. Na entrada da área, ele dominou com o pé esquerdo, passou para o direito e rolou para Carlos Alberto que na corrida chutou de pé direito rasteiro no canto na meta italiana.

Carlos Alberto vestiu também as camisas do Botafogo, Flamengo e Cosmos de Nova Iorque, além de ter retornado ao Fluminense, fazendo parte da “máquina” do Doutor Horta, sagrando-se mais uma vez campeão estadual.

Na carreira de técnico, conquistou o campeonato brasileiro de 1983, no Flamengo, e a Comebol dirigindo o Botafogo, em 1993.

Carlos Alberto ultimamente era comentarista do Sport TV, onde participava dos programas Troca de Passes e Seleção.

Terminamos com a feliz palavra de Cafu, capitão do Brasil na Copa do Mundo de 2002: “Aqui na Terra estamos tristes, mas no Céu existe alegria por receber um anjo do futebol”.

 
Foto 01 - Em 1960, o início no juvenil do Fluminense


 
Foto 02 - Campeão estadual sob o comando técnico do
 grande Tim: Carlos Alberto, Procópio, Altair, Castilho, Oldair e Nonô; Santana, Amoroso, Ubiraci, Evaldo, Joaquinzinho e Edinho

 
Foto 03 - Carlos Alberto, Arnaldo Cesar Coelho e Gerson antes de Santos x Botafogo, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo

 
Foto 04 - O quarto gol diante da Itália na final da Copa de 1970, no México, marcou a carreira de Carlos Alberto

 
Foto 05 - Carlos Alberto e Pelé se abraçam emociados após a conquista do título mundial de 1970

 
Foto 06 - Em 1971, Carlos Alberto vestiu a camisa do Botafogo: Carlos Alberto, Ubirajara, Nei, Brito, Leônidas e Paulo Henrique; Bento Mariano, Zequinha, Roberto, Careca, Jairzinho e Paulo César  

 
Foto 07 - Carlos Alberto ergue o troféu de bicampeão estadual de 1976 ao lado de Domingos Bosco.

 
Foto 08 - A "máquina" do Doutor Horta conquistou o Torneio de Paris. Carlos Alberto com o lindo troféu, a Torre Eifell, um dos símbolos da Cidade Luz

 
Foto 09 - Em 1977, Carlos Alberto atuou pelo Flamengo: Roberto, Rondinelli, Carlos Alberto, Júnior, Vanderlei e Merica; Tita, Adílio, Kalu, Dendê e Luís Paulo

 
Foto 10 - No Cosmos de Nova Iorque, o capita também foi campeão

 
Foto 11 - Como técnico do Botafogo em 1993, Carlos Alberto conquistou a Comebol após o emapte com o Peñarol. O capita e Williams vibra com o título

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

40 anos da "máquina" do Dr. Horta


40 anos da “Máquina” do Dr.Horta

                 Após o Fluminense ocupar o 5º lugar no campeonato estadual e a 24ª colocação no brasileirão, em 1974, assumiu a presidência do clube das Laranjeiras o Juiz de Direito Francisco Horta. Seu objetivo era formar um grande time que projetasse o nome do clube nacional e internacionalmente.

 

                 Logo no primeiro momento de sua gestão, Horta foi buscar no Corinthians o fora de série Roberto Rivelino. A fim de formar uma equipe de alto nível técnico, foram contratados outros bons jogadores: o meio campo Zé Mário que era reserva no Flamengo; o ponta-esquerda Mário Sérgio, do Vitória da Bahia e o zagueiro Pescuma.

 

                 Com estas quatro contratações, a “máquina” tricolor versão 75 estava montada com os remanescentes do time campeão de 73 e mais a presença de Edinho, grande revelação tricolor, que subiu dos juvenis para os profissionais. O atacante Gil, que iniciara a carreira no Cruzeiro, veio do Vila Nova, de Nova Lima, e chegou às Laranjeiras, no final de 73. Com os milimétricos lançamentos de Rivelino, as arrancadas de Gil passaram a ser uma preocupação constante para as defesas adversárias.

                

                  Por indicação do supervisor José Bonetti, o primeiro técnico da “máquina” foi Paulo Emílio que substituiu Carlos Alberto Parreira. Bonetti tomou conhecimento do bom trabalho realizado pelo treinador à frente da equipe da Desportiva Ferroviária, de Vitória, durante dois anos e dois meses, e o trouxe para o Fluminense. Parreira e Sebastião Araújo eram os responsáveis pela preparação física.

 

                 Em pleno sábado de carnaval, no dia 8 de fevereiro de 1975, para muitos seria pouco provável que mais de 40 mil torcedores compareceriam ao Maracanã. Porém, era a estreia de Rivelino com a camisa tricolor e contra seu ex-clube. Os torcedores do Fluminense vibraram com os novos contratados e, especialmente, com Rivelino que brindou o público com três gols. Gil marcou o quarto na vitória por 4 a 2 diante do Corinthians.

 

                 Outro cracaço contratado pelo Dr. Horta foi Paulo César Caju que atuava no futebol francês. O jogador mereceu também uma estreia especial. O Fluminense enfrentou e venceu o Bayer de Munich, no Maracanã, por 1 a 0.
 
 

 

 – Acompanhado do Supervisor José Bonetti, o grande Rivelino conhece as dependências do clube.

 
 – Paulo Emílio foi o primeiro técnico da “máquina” tricolor.

 
 – A “máquina” versão 1975: em pé, Félix, Toninho, Silveira, Zé Mário, Assis e Marco Antônio; agachados, Cafuringa, Pintinho, Manfrini, Rivelino e Paulo César.

 
 – No dia 1º de junho de 1975, em partida válida pelo campeonato estadual, Rivelino marcou um gol que ficou na história do Maracanã. Após aplicar em Alcir o drible elástico, Riva invadiu a área do Vasco e chutou no canto esquerdo do goleiro Andrada.

 
 - Rivelino, a grande estrela da “máquina” tricolor, é carregado por Gil e Félix após a partida diante do Botafogo, em 17 de agosto de 1975. O Fluminense perdeu por 1 a 0, mas conseguira garantir o título de campeão estadual pelo saldo de gols no Triangular Final, disputado com o Botafogo e o Vasco. Gil, de roupa comum, não jogou sendo substituído por Cafuringa.

 
 – A charge de autoria de Kleber Guimarães, idealizador, e Rubens A. Sixel, desenhista, retrata a “máquina” tricolor versão 1975.
 
 
 
 – A estreia de Rivelino não poderia ter sido melhor. O tricolor carioca ganhou por 4 a 1 e Rivelino marcou três gols. Rivelino vibra após a marcação de um de seus gols e Gil se aproxima para abraçá-lo.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Fausto, a "Maravilha Negra"


                                        Fausto, a “Maravilha Negra”

                                                                                                                                   

Quando, na primeira quinzena de julho de 1930, a delegação brasileira chegou a Montevidéu a bordo do navio Conte Verde, desembarcava com seus companheiros o codoense Fausto dos Santos. Na capital uruguaia aquele negro esguio encantaria a imprensa e a torcida uruguaias com seu extraordinário futebol.

A cidade de Codó fica no interior do Maranhão ao longo da Estrada de Ferro São Luís-Terezina. Lá nasceu Fausto dos Santos em 28 de fevereiro de 1905.  As dificuldades enfrentadas pela família numa região pobre reforçavam o desejo de vir para o Rio de Janeiro.

Com vinte e um anos, em 1926, os torcedores cariocas passaram a conhecer o jogador Fausto.  O meia-direita do time amador do Bangu, nos campeonatos cariocas de 1926 e 27, mostrava que era bom de bola. Porém era mais conhecido pela sua vida boêmia. 

Tinoco, um de seus muitos amigos de jornadas noturnas, jogava no Vasco da Gama e sempre insistia para Fausto vestir a camisa preta com a cruz branca do lado esquerdo do peito do clube de São Januário.  Os principais argumentos eram que no Vasco ele ganharia fama e Bangu era muito distante. Em 1928, Fausto cedeu aos apelos do companheiro e se transferiu para o Vasco.

No ano seguinte, o Vasco sob o comando do inglês Harry Walfare, ex-jogador do Fluminense, vencia o Torneio Início e o Campeonato Carioca. Vasco e América decidiram o título numa série melhor de três. Fausto, agora, de centromédio era o armador das jogadas e principal referência do esquema tático vascaíno. Após dois empates, 0 a 0 e 1 a 1, o Vasco goleou o América por 5 a 1 e se sagrou campeão carioca de 1929. O inesquecível time campeão jogava com Jaguaré, Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Paschoal, Oitenta e Quatro, Russinho, Mário Matos e Santana.

As grandes atuações de Fausto o levaram às seleções carioca e brasileira. No mesmo ano do título carioca, várias equipes estrangeiras estiveram no Brasil. Entre elas o Ferencvaros da Hungria. No dia 10 de julho de 1929, no Estádio do Fluminense, a seleção brasileira vencia os húngaros por 2 a 0 gols de Petronilho e Feitiço. Fausto vestia pela primeira vez a camisa da seleção.

A CBD preparava-se para o Campeonato Mundial do ano seguinte, no Uruguai. A comissão técnica da seleção era exclusivamente de cariocas, fato que gerou protestos da Associação Paulista de Esportes Atléticos. A reivindicação era a inclusão de pelo menos um paulista na comissão. Como a CBD manteve seu ponto de vista, a APEA não cedeu seus jogadores. O único paulista a integrar a seleção foi Araken Patuska em litígio com o Santos.

Fausto seguiu com a delegação brasileira e na capital uruguaia atuou contra a Iugoslávia e a Bolívia. Suas duas notáveis exibições extasiaram a crônica esportiva e o público uruguaios. Os jornais estampavam manchetes referindo-se a Fausto como a “Maravilha Negra”.

O Brasil perdeu para a Iugoslávia por 2 a 1 e venceu a Bolívia por 4 a 0. Porém, a vitória iugoslava diante dos bolivianos por 4 a 0 tirou o Brasil do mundial. Apesar da eliminação brasileira, o futebol de Fausto estava consagrado.

Em 5 de setembro de 1931, na véspera da partida contra o Uruguai, no campo do Fluminense, pela Copa Rio Branco, Fausto recebeu a notícia do próprio médico da CBD que não jogaria.  Uma forte gripe o deixara de cama por vários dias no dormitório de São Januário. Eram os primeiros sintomas da tuberculose. A vida boêmia deixava suas marcas.

Seu futebol continuava o mesmo, mas as frequentes gripes impediam que suas participações nos jogos não fossem constantes.  Em 1931, o Vasco realizou uma excursão a Europa, jogando na Espanha e em Portugal. A Europa conheceu de perto a “Maravilha Negra”. No final da temporada, em Lisboa, chegou ao conhecimento do chefe da delegação do Vasco que Fausto e Jaguaré tinham assinado contrato com o Barcelona.

Naquela época o preconceito existia com mais intensidade e Fausto e Jaguaré tornaram-se alvos de críticas ofensivas por parte da imprensa. A resposta dos dois eram  atuações que se transformavam em grandes vitórias para o Barcelona.

Poucos dias antes de uma excursão, Fausto estava acamado com muita febre e tossindo muito. Seu estado de saúde impedia que viajasse. A diretoria do clube espanhol o multou. Depois da derrota para o time húngaro do Ujpest por 4 a 0, Fausto e alguns companheiros foram apontados como culpados. Esses fatos motivaram a saída de Fausto do Barcelona.  O destino foi o Young Fellows da Suíça, no início de 1933. A permanência no futebol suíço durou apenas dois meses.

Já no Brasil, depois de resolver as questões contratuais com os espanhóis e suíços, Fausto retornava ao Vasco da Gama. No campeonato carioca de 33, ano da implantação do profissionalismo, Fausto não atuou como nos velhos tempos. No ano seguinte, ao lado de grandes craques, como Domingos da Guia e Leônidas da Silva, o maravilhoso futebol de Fausto voltou a brilhar.

O Vasco conquistou o campeonato carioca de 1934 com um time formado por jogadores de alta categoria: Rei, Domingos e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Orlando, Leônidas, Gradim, Nena e Dallessandro. O time vascaíno terminou a competição com a vantagem de quatro pontos sobre o São Cristóvão, vice-campeão.

Fausto não se afastava da boemia e as gripes eram mais frequentes. A ausência na Copa de 34, na Itália, não foi por motivo de saúde e sim porque o Vasco, cujos jogadores eram profissionais, não tinha o reconhecimento da CBD.

No dia 24 de fevereiro de 1935, em São Januário, a seleção brasileira derrotou o River Plate da Argentina por 2 a 1, Fausto no vestiário sentiu fortes dores no peito que se estendia pelo corpo.

Consciente do mal que o acometia, Fausto continuava a não seguir os conselhos médicos. Passou a fazer segredo da doença e tocar a vida normalmente. O fôlego começou a faltar nos jogos e ele procurava se poupar no início para correr no final ou fazia o inverso.

 Em maio aceitou a proposta do Nacional e viajou para Montevidéu. A permanência na terra que o denominou de a “Maravilha Negra não durou mais do que sete meses. Seus companheiros começaram a reclamar, porque Fausto não corria o tempo todo.

Quando retornou ao Brasil vários clubes se interessaram em contratá-lo. Até resolverem quem teria direito sobre ele por questões contratuais, Fausto ficou sem poder jogar. Flávio Costa, admirador de seu futebol, tanto insistiu que o Vasco acabou liberando o jogador para o Flamengo.

Agradecido à diretoria do Flamengo, Fausto se afastou um pouco da vida boêmia. Todavia, no campo sua condição física não lhe permitia correr o tempo todo. Seu sistema nervoso abalado já há algum tempo o levava a criar casos com os árbitros e ser expulso em vários jogos.

Em fevereiro de 1937, José Bastos Padilha, presidente do Flamengo, contratou o técnico húngaro Dori Kruschner. Profissional experiente, logo percebeu as limitações de Fausto sem deixar de reconhecer suas virtudes técnicas. O jeito era tirá-lo do meio campo e recuá-lo para a zaga onde jogaria na sobra e correria menos. Fausto influenciado pelas más línguas achou que o húngaro o considerava acabado para o futebol.

Nos treinos, Fausto desobedecia às instruções de Kruschner, avançava para armar o jogo e deixava o buraco na defesa. O fato se repetia a cada treino até o dia em que o técnico comunicou o fato a José Bastos Padilha. O presidente rubro-negro multou o jogador e o afastou do time. Fausto fez até apelo público pelos jornais para ser perdoado, mas Padilha manteve sua decisão.

Após as eleições quando Raul Dias Gonçalves substituiu José Bastos Padilha na presidência do clube, Fausto retornou à Gávea. Numa excursão à Bahia, uma forte gripe o colocou de cama. Fausto perdia ali a oportunidade de ser chamado por Ademar Pimenta, técnico da seleção brasileira na Copa de Mundo de 38, na França.

Alguns meses depois, num treino sentiu profundo cansaço e forte dor no peito. Os dirigentes do Flamengo o aconselharam a descansar em Cambuquira, estância mineral no sul de Minas. Não admitia ficar distante do futebol e participou da equipe reserva contra o América na decisão do título da categoria. Era sua despedida dos gramados. No dia seguinte, teve uma hemoptise. Insistente, Fausto se apresentou na Gávea para treinar. Veio o desmaio e nova hemoptise. Era o início do fim.

Aconselhado pelo médico viajou para Palmira, no interior de Minas Gerais. Lá ficou internado num sanatório até às 6 horas da tarde do dia 29 de março de 1939. Nesse dia, o mundo do futebol perdia um de seus maiores expoentes. Fausto dos Santos completaria 110 no dia 28 de fevereiro de 2015.       


F 01 – Fausto, 8º em pé a partir da esquerda, no time do Bangu que venceu o Fluminense por 2 a 1, no dia 13 de março de 1928, em Álvaro Chaves.


F 02 – Time do Vasco campeão carioca de 1929: Tinoco, Brilhante, Itália, Jaguaré, Fausto e Mola; Paschoal, 84, Russinho, Mário Matos e Santana.


F 03 – Seleção brasileira antes do jogo diante da Bolívia, na Copa de 1930, no Uruguai. Fausto é o 4º em pé a partir da esquerda.

F 04 – Fausto quando defendeu o Barcelona.

 
F 05 – Num Fla x Flu, em 1936, Fausto domina a bola ao lado de Médio e observado por Romeu e Hércules.