80 anos do
artilheiro que não sorria
A vida de
Quarentinha está contada na sua excelente biografia, sob o título de
“Quarentinha o artilheiro que não sorria”, escrita por Rafael Casé. Aqui nós
queremos homenagear o grande artilheiro que era temido pelos goleiros em razão
de seu potente chute.
No dia 15 de
setembro de 2013, Quarentinha completaria 80 anos. Tivemos a oportunidade de
vê-lo jogar e várias oportunidades estufar as redes adversárias, vestindo as camisas
do Botafogo, Bonsucesso e das seleções carioca e brasileira.
O garoto
Waldir da Silva Labrego, quando começou a dar os primeiros passos no futebol
nas peladas e no time do colégio, era identificado como o filho do Quarenta,
conhecido jogador do Paysandu, e passou a ser chamado de Quarentinha. O menino
Waldir seguiu as pegadas do pai e vestiu a camisa azul e branca do Papão do
Curuzu.
A ida para o Botafogo
A fama de
artilheiro e a potência de seus chutes atraíram os dirigentes de outros clubes
fora de seu estado natal. Num jogo diante do Vasco, cujo time realizou alguns
amistosos pelo norte do país, Quarentinha marcou os três gols do Paysandu na
goleada de 9 a 3 sofrida pelo clube paraense. Era uma grande façanha marcar
três gols na defesa campeã carioca de 52 e no famoso goleiro Barbosa.
Contratado
pelo Vitória, de Salvador, Quarentinha chegou a disputar o campeonato
brasileiro de seleções em 1953, ocasião em que seu bom futebol teve maior
visibilidade. Com o aval
do técnico Gentil Cardoso, o clube de General Severiano apresentou a proposta
para comprar o passe do artilheiro do Vitória. A quantia oferecida e aceita
pelo clube baiano era de trezentos e cinquenta mil cruzeiros.
Mesmo com
tudo acertado entre os dois clubes, Quarentinha somente viajou para o Rio após
assinar o contrato com o Botafogo. Sua estreia com a nova camisa ocorreu no dia
26 de junho de 1954 contra o São Paulo. A partida válida pelo Torneio Rio-São
Paulo terminou com a vitória do Botafogo por 5 a 1, gols de Dino (2), Carlyle,
Paulinho Omena e do estreante Quarentinha de pênalti. A batida da penalidade
máxima impressionou pela violência do chute que estufou a rede do goleiro Poy.
O empréstimo ao Bonsucesso e a volta por cima
Escalado em
várias oportunidades fora de sua verdadeira posição, os gols escassearam. De
temperamento introvertido, Quarentinha não reclamava mesmo quando jogava nos
aspirantes. Desestimulado passou a não se cuidar e cometer alguns atos de
indisciplina. Para castigá-lo a diretoria presidida por Paulo Azeredo resolveu
emprestá-lo ao Bonsucesso depois da péssima campanha do time no campeonato de
55 quando não se classificou para a disputa do terceiro turno.
Em Teixeira
de Castro, reencontrou Gentil Cardoso que conhecia seu potencial. Na equipe
rubro-anil formou uma excelente ala esquerda com Nilo. Os gols voltaram a
aparecer no campeonato carioca de 1956.
No ano
seguinte, João Saldanha assumiu a direção técnica do Botafogo. De volta a
General Severiano, Quarentinha encontrou em Saldanha um verdadeiro amigo e uma equipe
bem diferente. Nela passou a ser peça da maior importância. Ele, Garrincha,
Didi, Paulinho Valentim e Edson formaram a linha atacante campeã carioca de
1957.
Seus gols
com a camisa alvinegra se sucediam e Quarentinha foi artilheiro carioca por
três temporadas consecutivas: 20 gols em 58; 25 em 59 e 25 em 60. No Rio-São
Paulo de 1962 atingiu a marca até hoje não superada de 36 gols. Quarentinha nas
446 partidas com a camisa da estrela solitária marcou 313 gols e é o maior
artilheiro da história do Botafogo.
A excelente média de gols na seleção
Em
dezessete partidas na seleção brasileira, Quarentinha assinalou 17 gols,
obtendo a média de um gol por partida. Sua estreia aconteceu contra o Chile, no
dia 17 de setembro de 1959, no Maracanã, pela Taça Bernard O`Higgins. O Brasil
venceu por 7 a 0, gols de Dorval (3), Quarentinha (2), Pelé e Dino Sani. No
segundo jogo diante dos chilenos, em São Paulo, o Brasil ganhou por 1 a 0, gol
de Quarentinha.
Em maio de
1960, Quarentinha esteve com a seleção brasileira na Europa e na República
Árabe Unida. Marcou dois gols contra o Egito (Brasil 3 a 0), um diante do
Malmoe, da Suécia (Brasil 7 a 1), dois frente a Dinamarca (Brasil 4 a 3) e um
contra o Sporting (Brasil 4 a 0). No ano seguinte fez um gol na partida diante
do Paraguai (3 a 2).
O nome de
Quarentinha constou da lista de convocados para a Copa de 62. Aymoré Moreira
preferiu levar Coutinho, do Santos, e cortou o atacante do Botafogo.
Em 1963, o
selecionado brasileiro realizou mais uma excursão por países europeus, jogando
também no Egito e em Israel. Quarentinha marcou contra o Egito (Brasil 1 a 0) e
fez dois gol diante de Israel (Brasil 5 a 0) e um frente a seleção de Berlim
(Brasil 3 a 0).
A saída do Botafogo e o fim da carreira
No último
ano em que vestiu a camisa alvinegra, Quarentinha pouco vezes jogou na equipe
titular. As propostas chegavam à diretoria alvinegra para a compra de seu passe
e o clube não o deixava sair.
Finalmente,
em fevereiro de 65, o Botafogo vendeu o passe de Quarentinha para o Union
Magdalena, da cidade colombiana de Santa Marta. Jogou depois no Deportivo Cali
e no Atlético de Barranquilla.
Quando
retornou ao Brasil, em 1968, Quarentinha estava com 34 anos. Jogou por pouco
tempo no Olaria e foi encerrar a carreira no futebol catarinense, onde atuou
por três clubes:
América, de Joinville, Hercílio Luz, de Tubarão, e Clube
Náutico Almirante Barroso, de Itajaí.
No campeonato carioca de 1954, Quarentinha formou com Dino e Carlyle o trio atacante alvinegro
No campeonato carioca de 1956, Quarentinha dribla Chamorro e marca contra o Flamengo
Em 1959, Quarentinha integrou a seleção brasileira: em pé, Djalma Santos, Zito, Belini, Coronel, Orlando e Gilmar; agachados, Mário Américo, Dorval, Dino Sani, Quarentinha, Pelé e Zagallo
Antes da final do campeonato estadual de 1962, Quarentinha, Armando Marques e Jordan. O Botafogo venceu por 3 a 0.
Quarentinha dá a meia bicicleta, Fernando solta e Garrincha marca o terceiro gol do Botafogo
No Atlético Júnior de Barranquilla, Quarentinha jogou com Oto, Dida, Romeiro e Othon
"Quarentinha o artilheiro que não sorria", biografia escrita por Rafael Casé
O maior
artilheiro da história do Botafogo perguntado por que não vibrava após um gol,
respondia: “Sou pago para fazer gols.”
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