quinta-feira, 24 de outubro de 2013

80 anos do artilheiro que não sorria


                                  80 anos do artilheiro que não sorria               

A vida de Quarentinha está contada na sua excelente biografia, sob o título de “Quarentinha o artilheiro que não sorria”, escrita por Rafael Casé. Aqui nós queremos homenagear o grande artilheiro que era temido pelos goleiros em razão de seu potente chute. 

No dia 15 de setembro de 2013, Quarentinha completaria 80 anos. Tivemos a oportunidade de vê-lo jogar e várias oportunidades estufar as redes adversárias, vestindo as camisas do Botafogo, Bonsucesso e das seleções carioca e brasileira.

O garoto Waldir da Silva Labrego, quando começou a dar os primeiros passos no futebol nas peladas e no time do colégio, era identificado como o filho do Quarenta, conhecido jogador do Paysandu, e passou a ser chamado de Quarentinha. O menino Waldir seguiu as pegadas do pai e vestiu a camisa azul e branca do Papão do Curuzu.

A ida para o Botafogo

A fama de artilheiro e a potência de seus chutes atraíram os dirigentes de outros clubes fora de seu estado natal. Num jogo diante do Vasco, cujo time realizou alguns amistosos pelo norte do país, Quarentinha marcou os três gols do Paysandu na goleada de 9 a 3 sofrida pelo clube paraense. Era uma grande façanha marcar três gols na defesa campeã carioca de 52 e no famoso goleiro Barbosa.

Contratado pelo Vitória, de Salvador, Quarentinha chegou a disputar o campeonato brasileiro de seleções em 1953, ocasião em que seu bom futebol teve maior visibilidade. Com o aval do técnico Gentil Cardoso, o clube de General Severiano apresentou a proposta para comprar o passe do artilheiro do Vitória. A quantia oferecida e aceita pelo clube baiano era de trezentos e cinquenta mil cruzeiros.

Mesmo com tudo acertado entre os dois clubes, Quarentinha somente viajou para o Rio após assinar o contrato com o Botafogo. Sua estreia com a nova camisa ocorreu no dia 26 de junho de 1954 contra o São Paulo. A partida válida pelo Torneio Rio-São Paulo terminou com a vitória do Botafogo por 5 a 1, gols de Dino (2), Carlyle, Paulinho Omena e do estreante Quarentinha de pênalti. A batida da penalidade máxima impressionou pela violência do chute que estufou a rede do goleiro Poy.

O empréstimo ao Bonsucesso e a volta por cima

Escalado em várias oportunidades fora de sua verdadeira posição, os gols escassearam. De temperamento introvertido, Quarentinha não reclamava mesmo quando jogava nos aspirantes. Desestimulado passou a não se cuidar e cometer alguns atos de indisciplina. Para castigá-lo a diretoria presidida por Paulo Azeredo resolveu emprestá-lo ao Bonsucesso depois da péssima campanha do time no campeonato de 55 quando não se classificou para a disputa do terceiro turno.

Em Teixeira de Castro, reencontrou Gentil Cardoso que conhecia seu potencial. Na equipe rubro-anil formou uma excelente ala esquerda com Nilo. Os gols voltaram a aparecer no campeonato carioca de 1956.

No ano seguinte, João Saldanha assumiu a direção técnica do Botafogo. De volta a General Severiano, Quarentinha encontrou em Saldanha um verdadeiro amigo e uma equipe bem diferente. Nela passou a ser peça da maior importância. Ele, Garrincha, Didi, Paulinho Valentim e Edson formaram a linha atacante campeã carioca de 1957.

Seus gols com a camisa alvinegra se sucediam e Quarentinha foi artilheiro carioca por três temporadas consecutivas: 20 gols em 58; 25 em 59 e 25 em 60. No Rio-São Paulo de 1962 atingiu a marca até hoje não superada de 36 gols. Quarentinha nas 446 partidas com a camisa da estrela solitária marcou 313 gols e é o maior artilheiro da história do Botafogo.

A excelente média de gols na seleção

Em dezessete partidas na seleção brasileira, Quarentinha assinalou 17 gols, obtendo a média de um gol por partida. Sua estreia aconteceu contra o Chile, no dia 17 de setembro de 1959, no Maracanã, pela Taça Bernard O`Higgins. O Brasil venceu por 7 a 0, gols de Dorval (3), Quarentinha (2), Pelé e Dino Sani. No segundo jogo diante dos chilenos, em São Paulo, o Brasil ganhou por 1 a 0, gol de Quarentinha.

Em maio de 1960, Quarentinha esteve com a seleção brasileira na Europa e na República Árabe Unida. Marcou dois gols contra o Egito (Brasil 3 a 0), um diante do Malmoe, da Suécia (Brasil 7 a 1), dois frente a Dinamarca (Brasil 4 a 3) e um contra o Sporting (Brasil 4 a 0). No ano seguinte fez um gol na partida diante do Paraguai (3 a 2).

O nome de Quarentinha constou da lista de convocados para a Copa de 62. Aymoré Moreira preferiu levar Coutinho, do Santos, e cortou o atacante do Botafogo.

Em 1963, o selecionado brasileiro realizou mais uma excursão por países europeus, jogando também no Egito e em Israel. Quarentinha marcou contra o Egito (Brasil 1 a 0) e fez dois gol diante de Israel (Brasil 5 a 0) e um frente a seleção de Berlim (Brasil 3 a 0).
A saída do Botafogo e o fim da carreira

No último ano em que vestiu a camisa alvinegra, Quarentinha pouco vezes jogou na equipe titular. As propostas chegavam à diretoria alvinegra para a compra de seu passe e o clube não o deixava sair.

Finalmente, em fevereiro de 65, o Botafogo vendeu o passe de Quarentinha para o Union Magdalena, da cidade colombiana de Santa Marta. Jogou depois no Deportivo Cali e no Atlético de Barranquilla.

Quando retornou ao Brasil, em 1968, Quarentinha estava com 34 anos. Jogou por pouco tempo no Olaria e foi encerrar a carreira no futebol catarinense, onde atuou por três clubes:
No campeonato carioca de 1954, Quarentinha formou com Dino e Carlyle o trio atacante alvinegro
 
No campeonato carioca de 1956, Quarentinha dribla Chamorro e marca contra o Flamengo
 
Em 1959, Quarentinha integrou a seleção brasileira: em pé, Djalma Santos, Zito, Belini, Coronel, Orlando e Gilmar; agachados, Mário Américo, Dorval, Dino Sani, Quarentinha, Pelé e Zagallo
 
 
Antes da final do campeonato estadual de 1962, Quarentinha, Armando Marques e Jordan. O Botafogo venceu por 3 a 0.
 
Quarentinha dá a meia bicicleta, Fernando solta e Garrincha marca o terceiro gol do Botafogo
 
No Atlético Júnior de Barranquilla, Quarentinha jogou com Oto, Dida, Romeiro e Othon
 
"Quarentinha o artilheiro que não sorria", biografia escrita por Rafael Casé
 
América, de Joinville, Hercílio Luz, de Tubarão, e Clube Náutico Almirante Barroso, de Itajaí.

O maior artilheiro da história do Botafogo perguntado por que não vibrava após um gol, respondia: “Sou pago para fazer gols.”                                                   

 

                                 

 

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