quarta-feira, 14 de dezembro de 2016



                                 Fluminense supercampeão de 1946

A reformulação do futebol tricolor começou com a chegada de Gentil Cardoso, em outubro de 1945. O “Velho Marinheiro” fez o pedido: “Dêem-me Ademir que eu lhes darei o campeonato”. Ademir Marques de Menezes teve seu passe comprado ao Vasco da Gama e a promessa de Gentil foi cumprida: Fluminense supercampeão carioca de 1946:
“Sempre acreditei em Ademir como um jogador decisivo. Ele estava, então, na plenitude de suas condições físicas e técnicas. Quantas partidas ele não decidiu num lance de estupenda clarividência? No supercampeonato, ele fez tudo que se podia esperar de sua categoria”.
Segundo o querido amigo e brilhante jornalista João Máximo, o pedido de Gentil para contratar Ademir é pura lenda. Anos depois ao conversar com Dilson Guedes, diretor de futebol, no supercampeonato, disse-lhe o dirigente que nunca existiu a tão propalada solicitação de Gentil Cardoso. No máximo, a indicação do nome de Ademir, sem o tom imperativo e profético.
Na última rodada do campeonato, as vitórias do Botafogo por 3 a 1 sobre o América e do Fluminense por 5 a 2 diante do Flamengo igualaram quatro equipes na 1a colocação: América, Botafogo, Flamengo e Fluminense. A decisão para apontar o campeão, em dois turnos com pontos corridos, estabelecida pela Federação Metropolitana de Futebol, ficou conhecida como supercampeonato.
O Fluminense perdeu apenas um ponto no supercampeonato, devido ao empate de 1 a 1 diante do Flamengo e aplicou três goleadas: duas no América (8 a 4 e 6 a 2) e uma no Flamengo (4 a 1). No último jogo contra o Botafogo, os tricolores tinham a vantagem de dois pontos. A partida jogada, em São Januário, terminou com a vitória tricolor por 1 a 0, gol de Ademir.
Há 70 anos, no dia 22 de dezembro de 1946, o Fluminense se sagrava supercampeão carioca. Nos vinte e quatro jogos do campeonato, o ataque tricolor marcou 97 gols, sendo o ponta-esquerda Rodrigues o artilheiro da competição com 28 gols.
Entrevistei dois personagens da final do supercampeonato carioca de 1946, Orlando “pingo de ouro” e Juvenal. O primeiro em 1984 no programa Álbum dos Esportes, na Rádio Capital, e o alvinegro em 2003 na sua casa em frente ao Estádio Proletário, em Guilherme da Silveira.
Juvenal:
“Depois de defender a seleção mineira, fui convocado para a seleção brasileira. Estive com Heleno, Otávio, Lima, Leônidas, Domingos da Guia. Os jogadores do Botafogo que estavam na seleção indicaram a compra do meu passe.
Em 46, disputei o supercampeonato carioca, que está atravessado na minha garganta até hoje. Primeiro, o time do Botafogo a meu ver era um pouco superior ao do Fluminense. Segundo, se existisse naquela época vídeo tape, todos veriam que a bola saiu pela linha lateral. Depois houve o passe para o Ademir fazer o gol. Eu estava no lance e cheguei a parar”.
Orlando “Pingo de Ouro”:
“Os grandes times de qualquer época você guarda. O torcedor do Botafogo guarda o de 48. Eu que não sou Vasco e na época nem pensava em jogar futebol, jamais me esqueci de Jaguaré, Brilhante e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Paschoal, Paes, 84, Mario Matos e Santana. Futebol é conjunto. Não adianta ter uma quantidade enorme de craques e não conseguir formar um conjunto.
Em 46, além dos bons valores que o Fluminense tinha, contratou o Ademir, que era o Pelé da nossa época. Ademir veio dar uma grandeza ao time, muita personalidade, porque ele era um artilheiro. Interessante, Ademir jogou no Vasco e todo mundo dizia que o Jair carregava o Ademir. Ele era um jogador maravilhoso e deu cartaz a mim, ao Jair, porque nós dávamos a bola e ele sabia se colocar maravilhosamente bem. Ele era um artilheiro nato e enaltecia o nosso passe, fazendo gols.
 
Gentil Cardoso e Ademir após o excepcional atacante assinar contrato com o Fluminense
 

Mas, a grande campanha mesmo foi no supercampeonato, porque nós disputamos o campeonato e terminaram empatados quatro times: Fluminense, América, Botafogo e Flamengo. Você vê a superioridade do Fluminense, principalmente de seu ataque, que no primeiro jogo contra o América começamos perdendo por 2 a 0 e acabamos vencendo por 8 a 4. No returno, ganhamos de 6 a 2. Pegamos o Flamengo, empatamos de 1 a 1, no 1o turno, e ganhamos, no 2o turno, por 3 a 1. Vencemos o Botafogo por 3 a 0 e depois por 1 a 0, gol de Ademir”.

 
Ademir observa a defesa de Vicente no jogo Fluminense 1 x América 0, no 2o turno do campeonato carioca, nas Laranjeiras.

 
Na última partida do 2o turno do campeonato, o Fluminense derrotou o Flamengo por 5 a 2, na Gávea. Robertinho e Haroldo saltam observados por Vevé.

 
Na abertura do supercampeonato, o Fluminense venceu o América por 8 a 4, em General Severiano. Robertinho prepara-se para a defesa, enquanto Bigode marca Maneco.

 
Equipe tricolor antes da final diante do Botafogo, em São Januário: Robertinho, Gualter, Paschoal, Haroldo, Pedro Amorim, Ademir, Telesca, Rodrigues, Careca, Bigode e Orlando.

 
Lance de perigo para Robertinho que pratica a defesa na presença de Heleno, enquanto Haroldo observa.
 
 
O forte chute de Ademir vence Osvaldo "Baliza" apesar do esforço do goleiro alvinegro.

 
O animado churrasco que comemorou o título tricolor. Em primeiro plano, Gentil Cardoso corta um pedaço de carne.

 
Ademir recebe a faixa de campeão carioca de 1946 

 
Rodrigues, artilheiro do campeonato, também recebe a sua faixa de campeão.

 
Vemos de cima para baixo, Dílson Guedes, diretor de futebol, e o técnico Gentil Cardoso; Pinhegas, Ademir, Juvenal, Orlando e Rodrigues; Pé de Valsa, Paschoal e Bigode; e Hélvio, Robertinho e Haroldo.

 
Gentil Cardoso e a artilharia tricolor por ele comandada.
 

 

 

  

 

 

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