sexta-feira, 26 de julho de 2013

Meu amigo Telê


Meu amigo Telê

                     26 de julho de 1931 – 26 de julho de 2013

                                              82 anos

O bom mineiro Telê Santana nasceu em Itabirito no dia 26 de julho de 1931. O gosto pelo futebol começou no Largo dos Machadinhos, nas peladas com balizas de pedras e tijolos. Depois de ser reprovado como goleiro, posição de seu pai, na meta do Itabirense, Telê com onze anos, foi jogar de meia-direita do infantil, passando no ano seguinte para o juvenil. Mais tarde vestiu a camisa do América Recreativo, time fundado por seu pai, em São João Del Rey, para onde a família se mudara.

Tricolor desde menino

As potentes ondas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro cobriam todo o Brasil. Telê era assíduo ouvinte da emissora, especialmente, quando jogava o seu Fluminense. O time de botão era o supercampeão carioca de 1946: Robertinho, Gualter e Haroldo; Paschoal, Telesca e Bigode; Pedro Amorim, Ademir, Careca, Orlando e Rodrigues. Os craques eram o extraordinário Ademir, seu ídolo, e Orlando “Pingo de Ouro”, os quais tornaram-se seus grandes amigos.

Antes das Laranjeiras alguns treinos em São Januário

A vinda do jovem Telê para o Rio se deu por intermédio de um amigo de seu pai. O destino foi o Vasco da Gama, em 1949. Apresentado a Oto Glória, técnico do juvenil, Telê realizou os primeiros treinos contra os consagrados profissionais do “Expresso da Vitória”. O nervosismo prejudicou o futebol do garoto do interior que retornou a São João Del Rey.

Veio o convite para treinar no Fluminense. Oto Vieira, que gostara do desempenho de Telê nos primeiros treinos, o escalou para jogar contra os amadores do Brás de Pina, no campo do Bonsucesso. Na vitória de 9 a 4, Telê marcou cinco gols. Antes do jogo Preguinho pediu para Emilson, capitão do time tricolor,  observar o desempenho do garoto de Itabirito.

Depois do jogo, Emilson falou com Preguinho: “Pega logo o homem, antes que ele venha jogar contra nós”. Ao lado de Telê nessa partida jogaram: Adalberto, Duarte e Chiquinho; Batatais, Emilson e Décio; Haroldo, Jerônimo, Robson e Quincas.

Peça chave no esquema de Zezé Moreira

Telê iniciou sua carreira no Fluminense, jogando de centro avante na equipe juvenil, sagrando-se campeão carioca em 1950. No ano seguinte, aceitou o desafio de Zezé Moreira que o chamou para jogar na ponta-direita, compondo o meio-campo na marcação por zona, esquema tático aplicado pelo técnico.

Telê se transformou numa das principais peças do time tricolor na temporada de 1951. Na segunda partida da melhor de três diante do Bangu, na decisão do título carioca, Zezé o escalou no centro do ataque em substituição a Carlyle, que fora expulso no primeiro jogo. Telê marcou os dois gols da vitória de 2 a 0 e conquistou o título de campeão carioca de 1951.

Quando trabalhamos juntos na Rádio Tupi, em 1965, fomos a sua sorveteria na Vila da Penha. Telê fez questão de nos mostrar à camisa que usou no último jogo do campeonato de 51, guardada como verdadeiro troféu.

Os títulos após 1951

Telê, titular absoluto, se sagrou campeão invicto da II Taça Rio, em 1952, e, em 1957, conquistou também invicto o Torneio Rio São Paulo sob a direção técnica de Silvio Pirilo.

Em 1959, o Fluminense contratou o excelente ponta-direita Maurinho. Zezé Moreira, que retornara às Laranjeiras no ano anterior, armou o time com Telê no meio-campo ao lado de Edemilson e Paulinho Omena. Telê mais uma vez teve importante participação em mais essa conquista do tricolor das Laranjeiras e, em 1960, foi novamente, campeão do Torneio Rio-São Paulo.

A saída do Fluminense

Telê jogou no Fluminense até 1961. Ailton Machado prometeu a Telê que o clube lhe daria aumento na renovação de contrato. Com a mudança de diretoria, Dilson Guedes entrou como vice de futebol. Telê o procurou para tratar do assunto, recebendo a seguinte resposta: “Não tratei nada com você”. Telê ponderou que os diretores falam em nome do clube. Não adiantou. O caminho foi o Guarani de Campinas, onde permaneceu até o início de 63. No mesmo ano disputou o campeonato carioca pelo Madureira.

 Presenciei um fato emocionante. Iniciava minha carreira de locutor esportivo na Emissora Continental e fui escalado para fazer ponta no jogo Fluminense e Madureira. No gol à esquerda da tribuna do Maracanã, Telê aproximou-se da área, frente a frente com Castilho, esperou o goleiro se adiantar e com sutil toque de pé direito encobriu seu grande amigo, marcando o gol de honra do tricolor suburbano. Seus ex companheiros liderados por Castilho foram cumprimentá-lo. O Fluminense venceu por 5 a 1.

Na Rádio Tupi, para aonde me transferi no 2º semestre de 64, transmiti muitos jogos tendo ao lado o comentarista Telê Santana, o “Fio de Esperança”. Assim ele passou a ser conhecido no mundo do futebol por ser magro e nunca desistir de lutar em busca de uma vitória.

Telê estava com 34 anos, quando Zezé Moreira assumiu a direção técnica do Vasco. Não poderia deixar de aceitar o convite de seu mestre para voltar aos gramados. Em São Januário, ele ficou apenas três meses, atuou em dois jogos e encerrou a carreira.

O técnico Telê Santana

No Fluminense, Telê assumiu a direção do infantil. Ali começava a sua vitoriosa carreira de técnico. Em 1968, substituiu Alfredo Gonzales como treinador da equipe principal, mas ficou pouco tempo. O Fluminense contratara Evaristo de Macedo. Com a saída de Evaristo, o “Fio de Esperança” assumiu para valer o comando técnico dos profissionais e chegou ao título de campeão estadual de 1969.

Discordando de certas normas impostas pela diretoria do Fluminense, Telê aproveitou o interesse do Atlético Mineiro e se transferiu para Belo Horizonte. Perdeu para seu ex clube a decisão da Taça de Prata de 1970, mas no ano seguinte levou o Atlético Mineiro ao título de campeão brasileiro.

Nessa época, eu estava na Rádio Nacional e nas muitas vezes que ia transmitir jogos, no Mineirão, telefonava para Telê convocando-o para ser meu comentarista. Depois dos jogos íamos jantar e o papo rolava até tarde. Uma vez, Telê virou-se para mim e disse: “Você está com muita fome?”. Respondi: “Por quê?”. Ele me disse: “Vamos fazer uma ronda. Quero ver se algum jogador está na noite, especialmente, o Campos”. Telê não admitia indisciplina e falta de profissionalismo. Campos era um centro avante que, se não me engano veio de Manaus. Corria o campo todo. Depois descobriram que ele tomava estimulantes.

Numa dessas idas a Belo Horizonte, tive o prazer de conhecer seu pai, figura humana simples e doce, que fora goleiro na juventude. Constatei em pouco tempo a razão da integridade do homem Telê Santana: a sólida estrutura familiar.

Telê me comprava as passagens aéreas pela metade do preço e vínhamos de carro para o Rio. As longas conversas serviram como aulas sobre futebol e de vida. Lamento que os diferentes rumos de nossas vidas nos distanciaram. Porém, a amizade permaneceu e a saudade é eterna.

Na sua vida de técnico, Telê levou vários clubes a muitas conquistas: Fluminense – campeão carioca – 1969; Atlético Mineiro – campeão mineiro 1970/1988 e campeão brasileiro – 1971; Grêmio – campeão gaúcho – 1977; São Paulo – bicampeão paulista – 1991/92, campeão brasileiro – 1991, Recopa Sul-Americana – 1993/94; campeão da Supercopa da Libertadores – 1992/93, e bicampeão mundial (Copa Toyota) – 1992/93.

Telê dirigiu a seleção brasileira em duas Copas do Mundo seguidas. Em 1982, na Espanha, formou um time que encantou o mundo. Perdeu para a Itália por 3 a 2. Em 1986, o Brasil saiu da Copa ao perder para a França na série de pênaltis.

Como técnico das categorias de base, Telê dirigiu várias gerações em clubes e na seleção. Passava para os jovens fundamentais ensinamentos de futebol e de vida. Ao nos deixar em 21 de abril de 2006, dia da Inconfidência Mineira, Telê não deixou apenas saudades. Deixou exemplos de vida.

“Não sei se em outro clube eu produziria da mesma forma. O Fluminense, desde meus tempos de menino, é o dono do meu coração. Vestir sua camisa era o que de mais gostoso poderia suceder em minha carreira. Só deixarei o clube quando não me quiserem mais”.

                                                                                                         Telê Santana

Telê na equipe do Fluminense tetracampeã carioca juvenil de 1950: em pé, Milton, Nicola, Telê, Jorge Henrique e Quincas; agachados,  Getúlio, Adalberto, Batatais, Odir, Emilson e Chiquinho. 

Campeão carioca de 1951, Telê é carregado pelos torcedores do Fluminense. 

 No campo de Álvaro Chaves, Telê recebe do Presidente Fábio Carneiro de Mendonça o prêmio pelo título de campeão carioca.

 Equipe tricolor antes da partida final contra o Bangu. O Fluminense venceu por 2 a 0: em pé, Píndaro, Lafaiete, Victor, Edson, Castilho e Pinheiro; agachados, Lino, Orlando, Telê, Didi e Robson.

 Telê foi o autor dos gols tricolores na vitória sobre o Bangu. Osvaldo e Salvador não conseguem evitar a queda da meta alvi-rubra.

 A vitória sobre a Portuguesa de Desportos por 3 a 1, no Pacaembu, deu ao Fluminense o título antecipado do Torneio Rio São Paulo de 1957. Telê vibra no vestiário após a partida.

 
Telê recebe a faixa de campeão do Torneio Rio São Paulo antes do jogo com o São Paulo, no Maracanã.
 
 Quando deixou o Fluminense, Telê vestiu a camisa do Guarani, de Campinas. Ele aparece ao lado de ex companheiro Villalobos.
 

 
Depois do Guarani, ainda em 1963, Telê jogou no Madureira. Em Conselheiro Galvão, Telê conversa com o técnico Samuel Lopes.
 
Em 1965, tive o prazer de ter Telê como companheiro na equipe esportiva da Rádio Tupi.

 
Telê aceitou o convite de Zezé Moreira e defendeu o Vasco da Gama, seu último clube como jogador
Quando Alfredo Gonzales deixou o Fluminense, Telê ocupou o seu lugar. Ele conversa com Samarone, Valtinho e Altair. Mais atrás aparecem Bauer, Jardel e Cafuringa.  
 
 
Sob o comando de Telê, o Fluminense se sagrou campeão estadual de 1969: em pé, Marco Antônio, Félix, Galhardo, Denílson, Assis, Oliveira, Telê e Antônio Clemente; agachados, Santana (massagista), Wilton, Cláudio, Flávio, Samarone e Lula.
 
 
Campeão brasileiro de 1971 dirigindo o Atlético Mineiro, Telê é carregado após a partida contra o Botafogo, no Maracanã.
 
 
Em 1982, Telê assumiu a seleção brasileira. A imprensa sempre procurou ouvir o novo técnico.
 
 
Telê relaxa na concentração, jogando sinuca.
 
 
Telê voltou a dirigir a seleção brasileira na Copa de 86, no México. Antes de um treino, ele aparece ao lado Júnior, Sócrates, Toninho Cerezo, Edinho e Zico.
 
 
 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Adeus, grande Djalma Santos - II -


                          Adeus, grande Djalma Santos - II -

                                  Legendas das fotos publicadas

F01 – 1951 – Excursão à Europa – em pé, Osvaldo Brandão, Djalma Santos, Ceci, Brandãozinho, Jacó, Manduca e Muca; agachados, Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão.

F 02 – 1952 – 1º título da Portuguesa de Desportos no Rio São Paulo – em pé, Djalma Santos, Brandãozinho, Nena, Muca, Ceci e Noronha; agachados, Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão.

F 03 – 1952 – Seleção brasileira campeã pan-americana no Chile: em pé, Djalma Santos, Ely, Nilton Santos, Brandãozinho, Castilho e Pinheiro; agachados, Mário Américo, Julinho, Didi, Baltazar, Pinga e Rodrigues. Brasil 5 x Panamá 0 no jogo de estreia.

Fotos 04 e 05 – 1954 – Nas quartas de final da Copa do Mundo na Suíça, o Brasil perdeu para a Hungria por 4 a 2. Djalma Santos marcou de pênalti o 1º gol brasileiro, quando os húngaros ganhavam por 2 a 0.

Foto 06 – 1955 – 2º título da Portuguesa de Desportos no Rio São Paulo. Após o empate de 1 a 1 com o Flamengo, Djalma Santos conversa com o técnico Délio Neves, no vestiário.

Foto 07 – 1958 – Equipe brasileira que derrotou a Suécia por 5 a 2 na final da Copa do Mundo de 1958: em pé, Djalma Santos, Zito, Belini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar; agachados, Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e Mário Américo.

Foto 08 – 1959 – Ano em que Djalma Santos e Julinho se transferiram da Portuguesa de Desportos para o Palmeiras e conquistaram o título paulista.

Foto 09 – 1962 – No Chile, a conquista do bicampeonato mundial: em pé, Djalma Santos, Zito, Gilmar, Zózimo, Nilton Santos, Mauro e Dr. Hilton Gosling; agachados, Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo, Zagallo e Bento de Assis.

Foto 10 – 1963 – Djalma Santos com o uniforme da seleção da FIFA.

Foto 11 – 1963 – Campeão paulista: em pé, Djalma Santos, Waldir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zequinha e Geraldo II; agachados, Gildo, Vavá, Américo, Chinezinho e Geraldo II.

Foto 12 – 1965 – Campeão do Torneio do IV Centenário do Rio de Janeiro: Djalma Santos, Waldir, Waldemar Carabina, Djalma Dias, Dudu e Geraldo: agachados, Gildo, Servílio, Tupãzinho, Ademir da Guia e Rinaldo,

Foto 13 – 1968 – Atlético Paranaense último clube de Djalma Santos.

 

Adeus, grande Djalma Santos


                                Adeus, grande Djalma Santos

            Ontem, dia 23 de julho de 2013, o futebol e a música popular brasileira perderam dois grandes talentos, Djalma Santos e Dominguinhos. Sobre o sanfoneiro, basta dizer que foi escolhido por Luiz Gonzaga seu herdeiro artístico.

            Quanto a Djalma Santos, personagem do universo esportivo no qual transitamos há mais de 50 anos, é sempre lembrado por ter jogado apenas a partida final da Copa de 1958 e ser considerado o melhor lateral direito do campeonato.

            As conquistas de Djalma foram muitas ao longo de sua brilhante carreira. O garoto que nasceu no Bom Retiro, em São Paulo, deu os primeiros passos no futebol, jogando no Grupo Escolar da Parada Inglesa, onde fez o primário.

            Os primeiros times de peladas foram o América e o Internacional. As boas atuações no Internacional chamaram a atenção de um antigo jogador que o convidou para treinar na Portuguesa de Desportos. Após alguns treinos, o garoto foi escalado para integrar o time amador que jogaria na várzea, no campo do Maria Zélia. Os companheiros do Internacional foram assistir à partida para ver o Nêgo estrear.

            O treinador decepcionou os torcedores não colocando Djalma em campo. A frustração daquela tarde foi compensada dois domingos depois, quando viu seu nome na escalação da equipe que enfrentaria os amadores do Palmeiras,na preliminar de Palmeiras e Torino, da Itália, em 1948.

            Pela primeira vez, ele pisava o gramado do Estádio Municipal do Pacaembu. Após superar o nervosismo inicial, Djalma mostrou que nascia ali um novo craque no futebol brasileiro. A promoção para a equipe de aspirantes foi imediata.

            Na semana seguinte, a emoção aumentou quando chegou para treinar. Estava ao lado de Caxambu, Renato, Nininho, Simão jogadores consagrados. Conrado Rossi, o treinador, lhe comunicou que ele estava escalado para jogar contra o aspirante do Juventus no próximo domingo.

            Nos cinco jogos seguintes, Djalma, nos aspirantes, jogava cada vez melhor. Veio a proposta para assinar contrato por 2 anos com salário de 1500 cruzeiros por mês. Como era menor de idade, Djalma e sua irmã Anésia, que o criara, foram procurar o pai para assinar a autorização.

            Djalma Santos nessa época jogava no meio campo. No dia da estreia no time principal contra o Santos, recebeu instruções para marcar Antoninho, excelente meia santista. Djalma não deixou o adversário jogar.

            Firmando-se a cada jogo como titular da lusa, nova emoção aconteceu quando terminou o campeonato paulista. A Portuguesa jogaria em Presidente Prudente e Djalma viajaria de avião pela primeira vez.

            Na temporada de 1949, a Portuguesa não fez boa campanha. Mudou a diretoria, veio novo treinador e a contratação de reforços, destacando-se entre eles Brandãozinho, um dos melhores jogadores do futebol paulista.

            Djalma ficou preocupado porque Brandãozinho jogava na sua posição. No primeiro treino, Djalma recebeu a mesma camisa do novo companheiro e a instrução para ocupar a lateral direita.

            Como jogador da Portuguesa Desportos, Djalma Santos integrou a seleção paulista de novos, que venceu a seleção carioca por 3 a 1, na inauguração do Maracanã.

            A primeira convocação para a seleção brasileira aconteceu em 1952, por ocasião do campeonato pan-americano, em Santiago do Chile. No mesmo ano, a Portuguesa conquistou o Torneio Rio São Paulo.

            Dois anos depois, Djalma Santos disputou a Copa do Mundo, na Suíça. Em 1955, a lusa paulista era novamente campeã do Torneio Rio São Paulo. Convocado para a seleção que iria a Copa de 1958, na Suécia, Djalma Santos ficou na reserva de De Sordi.

            Na véspera da partida final diante dos donos da casa, quando o lateral do São Paulo, com problema muscular na coxa, foi vetado por Paulo Amaral e pelo Dr. Hilton Gosling, Djalma Santos ocupou seu lugar. Durante o jogo, Djalma anulou Skoglund, principal jogador sueco. Sua excelente atuação o levou a ser eleito o melhor lateral direito da Copa.

            Após 11 anos na Portuguesa de Desportos, Djalma Santos e seu companheiro Julinho trocaram o Canindé pelo Parque Antártica. Logo no primeiro ano com a camisa do Palmeiras os dois conquistaram o campeonato paulista. Na decisão, o Palmeiras venceu o Santos por 2 a 1.

            Veterano, com 33 anos, Djalma Santos era bicampeão mundial, no Chile, agora como titular absoluto, em 1962. No ano seguinte, quando a FIFA convocou seu selecionado para enfrentar a Inglaterra, ele era o único brasileiro. Jogou ao lado de Yashin, Di Stéfano, Masapust, Puskas e outros grandes craques como ele. A seleção da FIFA ganhou por 2 a 1.

            Djalma ainda disputou a Copa de 66, na Inglaterra. O Atlético Paranaense representou o encerramento de sua carreira para onde tinha se transferido, em 1968.

            Alguns fatos marcaram a carreira de Djalma Santos: foram 110 partidas pela seleção brasileira; disputou quatro Copas do Mundo; conseguia com seus arremessos laterais colocar a bola na marca do pênalti; e nunca foi expulso de campo.

            Nascido no dia 27 de fevereiro de 1929, Djalma Santos escolheu para viver nos últimos anos de vida na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde nos deixou no dia 23 de julho de 2013.













domingo, 21 de julho de 2013

Surpresa no1o Fluminense e Vasco na era Maracanã


 Surpresa no 1º Fluminense e Vasco na era Maracanã

                Hoje, 21 de julho de 2013, o Maracanã é devolvido ao futebol carioca. Na verdade, é o novo Maracanã que abre seus portões para receber as torcidas de Fluminense e Vasco. As duas equipes não passam por bons momentos no atual campeonato brasileiro.
            O Vasco, de técnico novo, está em fase de reorganização, enquanto o Fluminense, após três derrotas seguidas, precisa reencontrar o caminho da vitória. Até seu vitorioso treinador não é mais unanimidade nas Laranjeiras.
             Normalmente, a mídia esportiva aproveita a oportunidade para resgatar um pouco da história. Os grandes jogos dois clubes, separadamente ou entre eles, no Maracanã e seus heróis.
            Nessa viagem no túnel do tempo, chego ao dia 1 de outubro de 1950, quando Fluminense e Vasco se enfrentaram pela primeira vez no então maior estádio do mundo. Era o primeiro campeonato carioca da era Maracanã.
            O Vasco, após a extraordinária campanha do título invicto no campeonato carioca de 1949, se apresentava como favorito absoluto a mais uma conquista. Além disso, possuía sete jogadores da seleção brasileira que acabara de disputar a Copa do Mundo, dirigida por seu técnico Flávio Costa.
            Sob o comando de Oto Vieira, o time do Fluminense realizava uma das piores campanhas, tanto que terminou o campeonato atrás do Olaria. O clássico da 7ª rodada do 1º turno tinha o famoso “Expresso da Vitória” como favorito absoluto.
            Mas, o futebol, como afirmava meu saudoso companheiro Benjamin Wright, o “Comentarista que diz a verdade”, é uma caixinha de surpresa.  Com 6 minutos de jogo, o tricolor vencia por 2 a 0 gols de Silas, atacante comprado ao Ypiranga, de São Paulo.
            A partir daí, a partida se resumiu no duelo entre o ataque vascaíno e a retaguarda tricolor. Eu, garoto de 11 anos, fui testemunha de umas das mais memoráveis atuações de um goleiro. Castilho fechou o gol com defesas incríveis.
            “São Castilho” só não conseguiu evitar o gol de Ipojucan aos 30 minutos da etapa inicial. O goleiro tricolor segurou a bola, recebeu o tranco do atacante, caiu, largou a bola que entrou em sua meta.
            Aproximadamente, 34 mil expectadores assistiram a primeira partida entre Fluminense e Vasco, no Maracanã, sob a arbitragem de Carlos de Oliveira Monteiro, o popular “Tijolo”.
            As equipes jogaram com as seguintes constituições:
Fluminense – Castilho, Lafaiete e Pinheiro; Osvaldo, Pé de Valsa e Jair; Robson, Carlyle, Silas, Didi e Jerônimo.
Vasco – Barbosa, Augusto e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Alfredo II, Maneca, Ademir, Ipojucan e Djair.


 
Uma das inúmeras defesas de Castilho na vitória tricolor por 2 a 1 sobre o Vasco em primeiro de outubro de 1950.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Eu vi a estreia de Mané


Eu vi a estreia de Mané
            A tabela do campeonato carioca de 1953 marcava na 2ª rodada os seguintes jogos: Madureira e América, em Conselheiro Galvão; Portuguesa e Fluminense, em Campos Sales; Bangu e São Cristóvão, no Estádio Proletário; Vasco e Canto do Rio, em São Januário; Flamengo e Olaria, no Maracanã; e Botafogo e Bonsucesso, em General Severiano.
            Naquela tarde de domingo, 19 de julho de 1953, como tricolor, seria lógico ir ao estádio do América, em Campos Sales, onde a Portuguesa realizava seus jogos quando tinha o mando de campo. Lá, a lusa carioca ia receber o meu Fluminense.
            O Sol se escondeu naquele domingo.  Não sei explicar, talvez pelo mau tempo, talvez pela distância, mas mudei meus planos. Resolvi assistir Botafogo e Bonsucesso, em General Severiano.
            Levado, quem sabe, pelo destino, o garoto de 13 anos saiu de casa, na Rua Farani, e foi se juntar aos torcedores botafoguenses. Não tinha ideia da importância histórica daquela tarde. Anos depois, acompanhando de perto os fatos e os personagens do mundo do futebol, tomei consciência de que fui testemunha de um dos mais significativos capítulos da história do futebol brasileiro: a estreia de Garrincha, na equipe principal do Botafogo.
            Digo estreia no time principal, porque o ainda desconhecido Garrincha estreou contra o Avelar, em Miguel Pereira, e nos aspirantes enfrentou o São Cristóvão, na 1ª rodada.
            Sentei na arquibancada, do lado da sede social, entre a linha de meio campo e a meta para onde o Botafogo atacou no 1º tempo. Vi de perto aquele jovem de 19 anos e suas fenomenais pernas tortas. Velocidade, dribles desconcertantes. Começava ali o show que durou quase 10 anos. Seu primeiro “João” foi Paulo, o lateral esquerdo do Bonsucesso.
            Quando o árbitro marcou pênalti contra o Bonsucesso, Geninho pegou a bola para bater. O rapaz da Raiz da Serra se aproximou, falou com o veterano craque e, finalmente, marcou o gol. Foram 3 na vitória de 6 a 3.
 Garrincha e Arati, seu descobridor.

Garrincha e Gentil Cardoso, seu primeiro técnico como profissional.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Encontro com Cláudio Magalhães


                                         Encontro com Cláudio Magalhães

            Ontem, dia 11 de julho de 2013, encontrei Cláudio Magalhães. Para os mais novos, ele foi um dos principais árbitros cariocas na década de 60. Parei, olhei bem para ele e exclamei: “Cláudio Magalhães!”  Ele me olhou, demonstrando não estar me reconhecendo. Completei: “Você não está se lembrando de mim.” Ele confessou que não.
            À medida que dava minhas referências, Cláudio foi se emocionando:  “Você me viu apitar?”. Respondi:  “Não só vi, como narrei muitos jogos dirigidos por você.” O papo seguiu, acompanhado por minha mulher Annalúcia.
            Recordei de duas partidas marcantes nas nossas carreiras. As duas em 1963, quando iniciava minha trajetória no rádio esportivo, na Emissora Continental.  
            Escalado para acompanhar a partida entre Canto do Rio e Portuguesa, lá fui eu para o Estádio Caio Martins, em Niterói. O árbitro era Cláudio Magalhães. A equipe visitante jogava melhor e os adversários começaram a apelar para as jogadas ríspidas. Cláudio expulsou Procópio e Nogueira.
            Dirigentes e reservas do Canto do Rio invadiram o campo, a polícia se omitiu e Cláudio foi covardemente agredido. Informei o que estava acontecendo. Alguns torcedores que ouviam a Continental, me identificaram e tentaram me agredir.
           Terminado o jogo, a Portuguesa venceu por 2 a 0, encerrei a minha participação na jornada esportiva e me dirigi ao vestiário da Portuguesa. Horas depois, saí com Lourival Lorenzi, técnico da lusa, que era militar.
 Na decisão do campeonato brasileiro de seleções, em 1963, Cláudio Magalhães foi um dos auxiliares do árbitro mineiro Joaquim Gonçalves. Os mineiros venceram os cariocas por 2 a 1 e se sagraram campeões brasileiros.

Cláudio Magalhães, em 1963, quando integrava o quadro de árbitros da Federação de Futebol do Rio de Janeiro.

            Na decisão do campeonato estadual de 63, assisti o Fla x Flu decisivo, na cabine da Continental, ao lado do grande Clóvis Filho. Cláudio Magalhães, árbitro da final, teve uma excelente atuação, auxiliado por Gualter Portela Filho e Waldemar Meireles. O 0 a 0 deu o título ao Flamengo.
            As lembranças por mim relatadas e tê-lo reconhecido sensibilizaram Cláudio Magalhães, que além de falar sobre os dois fatos, falou sobre sua passagem como técnico da Portuguesa, em 1959, além de citar os nomes de vários colegas que integravam o Departamento de Árbitros da Federação de Futebol.
            Com 88 anos, Cláudio mantém um físico atlético, herdado da saudável juventude dedicada ao esporte. Quando nos despedimos, ele carinhosamente, com os olhos marejados, disse: “Fica com Deus e com ela”.

                                        

terça-feira, 9 de julho de 2013


              1958, o ano em que o mundo descobriu o Brasil

            Esse é o título do excelente filme do cineasta José Carlos Asbeg, que retrata o capítulo mais importante da história do futebol brasileiro. O mundo descobria os gênios Pelé e Garrincha.
As frustradas tentativas de chegar ao título mundial nas Copas de 1950 e 1954 serviram de lições para os dirigentes brasileiros. Ao assumir a presidência da então Confederação Brasileira de Desportos, João Havelange sentiu a necessidade de planejar o caminho a ser percorrido pela seleção brasileira rumo à Copa de 1958, na Suécia. Pela primeira vez se formou uma Comissão Técnica para dirigir a nossa seleção.

No ano anterior, no dia 7 de julho de 1957, convocado e escalado por Silvio Pirilo, estreava na seleção brasileira o garoto Pelé, que completaria 17 anos em 23 de outubro. Pelé entrou no lugar de Del Vechio e igualou o marcador aos 32 minutos. A partida válida pela Copa Roca terminou com a vitória Argentina por 2 a 1.

            Ainda sob o comando de Osvaldo Brandão, nas eliminatórias para a Copa de 58, teríamos pela frente o Peru e a Venezuela. Com a desistência dos venezuelanos, os peruanos foram os nossos adversários.
          
            Empatamos  a primeira partida, em Lima, e vencemos a segunda, no Maracanã, por 1 a 0. A “folha seca” de Didi carimbou nosso passaporte para a Suécia. .

            A caminho da Copa, a seleção brasileira realizou dois amistosos na Itália. Derrotamos a Fiorentina, em Firenze, e a Internazionale, no Estádio Giuseppe Meazza, em Milão. Metemos 4 a 0 nos dois jogos. Mané marcou contra a Fiorentina, o gol que ele considerava o mais bonito de sua vida e deu um show particular diante da Internazzionale.

            Sem Garrincha e Pelé, estreamos na Copa. Vencemos a Áustria por 3 a 0. Três dias depois, empatamos com os ingleses de 0 a 0. O empate não repercutiu bem entre os integrantes da delegação brasileira.      
  
            Antes do jogo contra a URSS, quando Ernesto Santos, nosso competente “espião”, ia passar suas observações sobre a equipe soviética, o Feola disse: “Paulo e Dr. Hilton, hoje vocês não tiram o Garrincha de jeito nenhum”.

             No mesmo estádio da partida anterior, o Brasil mostrou ao mundo os gênios Garrincha e Pelé. O futebol arte da seleção brasileira superou o decantado futebol científico soviético, vencendo-o por 2 a 0.

Nas quartas de final, o Brasil enfrentou o País de Gales. Os galeses jogaram o tempo todo na defesa, diminuindo os espaços, dificultando as penetrações do ataque brasileiro. A genialidade de um jovem de apenas 17 anos, chamado Pelé, nos deu a vitória por 1 a 0.
            Nas semifinais, o Brasil enfrentou o bom time francês. Goleamos por 5 a 2. No 2º tempo, Pelé mostrou ao mundo que aquela Copa era o início de uma caminhada que o levaria ao posto de “Rei do Futebol”, marcando três gols.
 
                Brasil e Suécia disputaram a final da Copa de 58, no Estádio de Rasunda, em Estocolmo. A seleção sueca assustou os brasileiros quando abriu o placar aos 4 minutos de jogo. .
            Belini apanhou a bola no fundo da rede de Gilmar, entregou-a a Didi, que caminhou calmamente até o meio de campo. Atitude classificada por Paulo Amaral como “a frase muda de Didi”.
            A partir daquele momento, o Brasil virou o marcador e chegou aos 5 a 2.  No dia 29 de junho de 1958, há 55 anos, o mundo descobriu a magia do futebol brasileiro e os seus gênios Garrincha e Pelé.
          
 O garoto Pelé toca a bola por baixo do grande Carrizzo e marca seu primeiro gol com a camisa da seleção brasileira.

  
 Com três minutos de jogo contra a URSS, Garrincha, após driblar seus marcadores, carimba a trave de Yashin.

 Mané deixou tontos os defensores soviéticos.

 A genialidade do jovem Pelé conseguiu furar retranca do País de Gales. No fundo da rede, após o gol, Pelé é sufocado pelos companheiros.

 Pelé e Garrincha comemoram um dos gols contra a Suécia, na final da Copa de 58.

Pelé chora no ombro de Gilmar, ao lado de Didi, após a conquista do mundial.
 

Pelé, que viria a ser o "Rei do Futebol", recebe o cumprimento do Rei Gustavo, da Suécia.