quarta-feira, 24 de julho de 2013

Adeus, grande Djalma Santos


                                Adeus, grande Djalma Santos

            Ontem, dia 23 de julho de 2013, o futebol e a música popular brasileira perderam dois grandes talentos, Djalma Santos e Dominguinhos. Sobre o sanfoneiro, basta dizer que foi escolhido por Luiz Gonzaga seu herdeiro artístico.

            Quanto a Djalma Santos, personagem do universo esportivo no qual transitamos há mais de 50 anos, é sempre lembrado por ter jogado apenas a partida final da Copa de 1958 e ser considerado o melhor lateral direito do campeonato.

            As conquistas de Djalma foram muitas ao longo de sua brilhante carreira. O garoto que nasceu no Bom Retiro, em São Paulo, deu os primeiros passos no futebol, jogando no Grupo Escolar da Parada Inglesa, onde fez o primário.

            Os primeiros times de peladas foram o América e o Internacional. As boas atuações no Internacional chamaram a atenção de um antigo jogador que o convidou para treinar na Portuguesa de Desportos. Após alguns treinos, o garoto foi escalado para integrar o time amador que jogaria na várzea, no campo do Maria Zélia. Os companheiros do Internacional foram assistir à partida para ver o Nêgo estrear.

            O treinador decepcionou os torcedores não colocando Djalma em campo. A frustração daquela tarde foi compensada dois domingos depois, quando viu seu nome na escalação da equipe que enfrentaria os amadores do Palmeiras,na preliminar de Palmeiras e Torino, da Itália, em 1948.

            Pela primeira vez, ele pisava o gramado do Estádio Municipal do Pacaembu. Após superar o nervosismo inicial, Djalma mostrou que nascia ali um novo craque no futebol brasileiro. A promoção para a equipe de aspirantes foi imediata.

            Na semana seguinte, a emoção aumentou quando chegou para treinar. Estava ao lado de Caxambu, Renato, Nininho, Simão jogadores consagrados. Conrado Rossi, o treinador, lhe comunicou que ele estava escalado para jogar contra o aspirante do Juventus no próximo domingo.

            Nos cinco jogos seguintes, Djalma, nos aspirantes, jogava cada vez melhor. Veio a proposta para assinar contrato por 2 anos com salário de 1500 cruzeiros por mês. Como era menor de idade, Djalma e sua irmã Anésia, que o criara, foram procurar o pai para assinar a autorização.

            Djalma Santos nessa época jogava no meio campo. No dia da estreia no time principal contra o Santos, recebeu instruções para marcar Antoninho, excelente meia santista. Djalma não deixou o adversário jogar.

            Firmando-se a cada jogo como titular da lusa, nova emoção aconteceu quando terminou o campeonato paulista. A Portuguesa jogaria em Presidente Prudente e Djalma viajaria de avião pela primeira vez.

            Na temporada de 1949, a Portuguesa não fez boa campanha. Mudou a diretoria, veio novo treinador e a contratação de reforços, destacando-se entre eles Brandãozinho, um dos melhores jogadores do futebol paulista.

            Djalma ficou preocupado porque Brandãozinho jogava na sua posição. No primeiro treino, Djalma recebeu a mesma camisa do novo companheiro e a instrução para ocupar a lateral direita.

            Como jogador da Portuguesa Desportos, Djalma Santos integrou a seleção paulista de novos, que venceu a seleção carioca por 3 a 1, na inauguração do Maracanã.

            A primeira convocação para a seleção brasileira aconteceu em 1952, por ocasião do campeonato pan-americano, em Santiago do Chile. No mesmo ano, a Portuguesa conquistou o Torneio Rio São Paulo.

            Dois anos depois, Djalma Santos disputou a Copa do Mundo, na Suíça. Em 1955, a lusa paulista era novamente campeã do Torneio Rio São Paulo. Convocado para a seleção que iria a Copa de 1958, na Suécia, Djalma Santos ficou na reserva de De Sordi.

            Na véspera da partida final diante dos donos da casa, quando o lateral do São Paulo, com problema muscular na coxa, foi vetado por Paulo Amaral e pelo Dr. Hilton Gosling, Djalma Santos ocupou seu lugar. Durante o jogo, Djalma anulou Skoglund, principal jogador sueco. Sua excelente atuação o levou a ser eleito o melhor lateral direito da Copa.

            Após 11 anos na Portuguesa de Desportos, Djalma Santos e seu companheiro Julinho trocaram o Canindé pelo Parque Antártica. Logo no primeiro ano com a camisa do Palmeiras os dois conquistaram o campeonato paulista. Na decisão, o Palmeiras venceu o Santos por 2 a 1.

            Veterano, com 33 anos, Djalma Santos era bicampeão mundial, no Chile, agora como titular absoluto, em 1962. No ano seguinte, quando a FIFA convocou seu selecionado para enfrentar a Inglaterra, ele era o único brasileiro. Jogou ao lado de Yashin, Di Stéfano, Masapust, Puskas e outros grandes craques como ele. A seleção da FIFA ganhou por 2 a 1.

            Djalma ainda disputou a Copa de 66, na Inglaterra. O Atlético Paranaense representou o encerramento de sua carreira para onde tinha se transferido, em 1968.

            Alguns fatos marcaram a carreira de Djalma Santos: foram 110 partidas pela seleção brasileira; disputou quatro Copas do Mundo; conseguia com seus arremessos laterais colocar a bola na marca do pênalti; e nunca foi expulso de campo.

            Nascido no dia 27 de fevereiro de 1929, Djalma Santos escolheu para viver nos últimos anos de vida na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde nos deixou no dia 23 de julho de 2013.













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