Eu vi a estreia de Mané
A tabela do campeonato carioca de 1953 marcava na 2ª
rodada os seguintes jogos: Madureira e América, em Conselheiro Galvão;
Portuguesa e Fluminense, em Campos Sales; Bangu e São Cristóvão, no Estádio
Proletário; Vasco e Canto do Rio, em São Januário; Flamengo e Olaria, no
Maracanã; e Botafogo e Bonsucesso, em General Severiano.
Naquela tarde de domingo, 19 de julho de 1953, como
tricolor, seria lógico ir ao estádio do América, em Campos Sales, onde a
Portuguesa realizava seus jogos quando tinha o mando de campo. Lá, a lusa
carioca ia receber o meu Fluminense.
O Sol se escondeu naquele domingo. Não sei explicar, talvez pelo mau tempo,
talvez pela distância, mas mudei meus planos. Resolvi assistir Botafogo e
Bonsucesso, em General Severiano.
Levado, quem sabe, pelo destino, o garoto de 13 anos saiu
de casa, na Rua Farani, e foi se juntar aos torcedores botafoguenses. Não tinha
ideia da importância histórica daquela tarde. Anos depois, acompanhando de
perto os fatos e os personagens do mundo do futebol, tomei consciência de que
fui testemunha de um dos mais significativos capítulos da história do futebol
brasileiro: a estreia de Garrincha, na equipe principal do Botafogo.
Digo estreia no time principal, porque o ainda
desconhecido Garrincha estreou contra o Avelar, em Miguel Pereira, e nos
aspirantes enfrentou o São Cristóvão, na 1ª rodada.
Sentei na arquibancada, do lado da sede social, entre a
linha de meio campo e a meta para onde o Botafogo atacou no 1º tempo. Vi de
perto aquele jovem de 19 anos e suas fenomenais pernas tortas. Velocidade,
dribles desconcertantes. Começava ali o show que durou quase 10 anos. Seu
primeiro “João” foi Paulo, o lateral esquerdo do Bonsucesso.
Quando o árbitro marcou pênalti contra o Bonsucesso,
Geninho pegou a bola para bater. O rapaz da Raiz da Serra se aproximou, falou
com o veterano craque e, finalmente, marcou o gol. Foram 3 na vitória de 6 a 3.
Garrincha e Arati, seu descobridor.
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